
Quando Aberfan, na Inglaterra, foi abatida por um desastre numa mina de carvão, em 21 de outubro de 1966, a Rainha Elisabeth II hesitou oito dias até visitar o local da tragédia que matou 144 pessoas. Foi um dos seus maiores e confessos arrependimentos.
Proporções trágicas à parte, o governador João Azevêdo (PSB) poderia ter evitado aparecer no rompimento do reservatório d’água de Campina Grande, incidente que matou uma idosa, deixou traumas e estragos e abalou o sábado ensolarado da cidade.
Eu estava em Campina Grande para uma palestra sobre comunicação quando fui informado por colegas no ambiente do evento: “O governador está vindo aí”! A expressão dos confrades era de certo alívio e resignação.
De fato, a presença da maior autoridade do Estado numa hora de consternação tem significado simbólico. Ao lado do vice, Lucas Ribeiro, e equipe, João foi ao local, viu de perto a devastação provada pela força da água, se solidarizou com as vítimas e determinou providências.
Fez o que se espera de um líder. Líder não transfere culpas, assume responsabilidades. Não se esconde, bota a cara. Não manda recados, vai lá e encara a crise… Sem temer desgastes, críticas e até a revolta das pessoas atingidas pelo problema.
É comum políticos faturarem em cima de situações de bônus. Poucos arriscam a pele ou aparecem nos momentos de ônus. Os líderes são testados na adversidade. João passou nessa prova. E, quando relembrar da triste manhã de 8 de novembro de 2025, não terá do que se arrepender.