Inteligência artificial versus criatividade humana – Heron Cid
Crônicas

Inteligência artificial versus criatividade humana

9 de novembro de 2025 às 15h22 Por Heron Cid

Tem gente muito interessada nos milagres da Inteligência Artificial. Tem muitos colegas de jornalismo preocupados com os efeitos dela. Tal qual a cantora Luka (alguém lembra?!), eu “tô nem aí”.

Não sei nada sobre o ChatGPT, mas não tenho raiva de quem sabe. Minha mulher hoje mesmo recorreu apressadamente a ele suplicando por um desenho de uma porta medieval para a aulinha da turma infantil da nossa igreja. Da primeira demanda saiu uma porta malamanhada. Pediu de novo e veio uma melhor. Amém!

Sempre fui meio Ariano com coisas da moda. Se é da moda eu resisto. Deve ser também por isso que até hoje não aderi a febre dos podcasts, apesar de ter estúdio prontinho e algum jeito para a empreitada.

Dos meus confrades, devo ter sido o último a me render ao Instagram, por exemplo, Hoje sou assíduo (até demais!) no uso diário desta rede. Para o bem ou para o mal, ela se tornou a mais social e acessada entre todas.

Compreendo que a tecnologia vem para somar. Depende do uso dela. Conheço advogados que não saberiam viver mais sem o compilado de jurisprudências entregue em minutos pela IA, pesquisa que custaria uma semana de sangue, suor e lágrimas.

Arquitetos de pouco ou médio talento estão conseguindo fornecer projetos ‘pensados’ na velocidade da necessidade dos seus clientes apressados – que geralmente comem cru.

Outras profissões e ofícios estão igualmente sendo beneficiados (ou prejudicados) com esta oitava maravilha do nosso tempo.

Artesãos das palavras, os jornalistas estão naturalmente sobressaltados. Não tiro a razão, sobretudo porque qualquer um que comenta qualquer coisa na rede não se acha menos (ou se acha muito mais) jornalista do que os forjados na faculdade.

Por enquanto, vou seguindo meu instinto de descendente das cavernas. Só darei alguma atenção a IA quando ela escrever um texto melhor que os artigos de Ruy Castro ou as crônicas de Gonzaga Rodrigues. Até lá, prefiro rir, humanamente, de suas artificialidades.

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