
Poderia ser somente uma festa de aniversário. Mas era a de Adriano Galdino (Republicanos). E, como em tudo que faz, o presidente da Assembleia Legislativa trocou os docinhos por balas de adrenalina. A multidão que lotou a ‘Cidade São João’, em Campina Grande, viu uma fogueira fora de época.
O ambiente precisou comportar as labaredas de distintas comitivas. Do governador em exercício Lucas Ribeiro (PP) ao principal e mais novo adversário dele, Cícero Lucena. Do senador Veneziano Vital (MDB) ao seu concorrente, prefeito Nabor Wanderley (Republicanos), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). De secretários do governo João Azevêdo (PSB) ao ícone da oposição, Cássio Cunha Lima (PSDB).
Sem nenhum penetra. Todos devida e calculadamente convidados. Vamos combinar, não é todo dia que se testemunha a visão de antagonistas da política paraibana no mesmo evento para prestigiar ilustre aniversariante na presença de numerosa, eclética e tensa plateia.
Se uns se assombraram, Adriano – amante natural do perigo – se divertiu. Marotamente, nas entrevistas tratou tudo como uma confraternização suprapartidária de amigos, sem conotações políticas. Como se nesse ‘bolo’ eleitoral fosse possível separar o trigo das intenções do fermento das interpretações.
Galdino juntou esses poderosos convidados em torno de sua mesa. Sorriu para as fotos com todos e ampliou a variedade de opções do seu álbum para 2026. Faturou bem cada clique e declaração. Quem achou que aproveitou a cena para provocações políticas pode nem ter percebido que foi mais usado do que usou.
Todos compuseram – consciente ou inconscientemente – a fotografia de uma estratégia que estampou ao centro um anfitrião disputado por todos os lados. A oposição começou a festa cantando os parabéns e o governo encerrou a comemoração apagando as velas. Mas foi o aniversariante quem saiu do evento com a faca e o bolo na mão.

Oposição abriu as comemorações cantando parabéns

Governo encerrou a comemoração apagando as velas