A Paraíba com a chave do cofre do Brasil (Por Felipe Ramos) – Heron Cid
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A Paraíba com a chave do cofre do Brasil (Por Felipe Ramos)

22 de outubro de 2025 às 10h47 Por Heron Cid
Gervásio Maia, na relatoria da LDO, e Efraim Filho no comando da poderosa Comissão Mista de Orçamento (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

BRASÍLIA – Há momentos na política em que o destino parece brincar com o mapa do Brasil. E, desta vez, o mapa aponta para o mesmo lugar: a Paraíba. Sim, é o pequeno estado nordestino que, silenciosamente, está com a chave do cofre na mão, e ninguém deve subestimar o poder de quem controla o cofre da República.

De um lado, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Gervásio Maia (PSB-PB); do outro, o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Efraim Filho (União-PB). Dois paraibanos que, juntos, ditam o compasso da maior dança fiscal do país.

A política orçamentária é onde o poder mostra sua face mais crua. É ali que se define o que o Brasil pode e o que o Brasil sonha poder. E agora, é a Paraíba que está à mesa das negociações, cercada de ministros, líderes e técnicos que sabem: sem a assinatura desses dois conterrâneos, o Orçamento não anda.

Efraim, com a experiência de quem entende o jogo, já avisou: se o governo insistir em empurrar a votação da LDO, o Orçamento de 2026 pode ficar para o próprio 2026, um cenário desastroso para um Planalto que tenta equilibrar o fiscal no fio da navalha. “O governo não quer cortar gastos, prefere aumentar impostos. Se essa conta não fechar, vai ter que jogar pra frente”, disse o senador em entrevista recente ao R7.

Nos bastidores, o Planalto tenta ganhar tempo. Quer “recalibrar” a arrecadação após a derrota na MP 1303, apelidada na capital federal de MP Taxa-tudo. Mas, enquanto o relógio corre, o poder político pulsa em outro ritmo, o das negociações orçamentárias. E nesse compasso, a batida vem da Paraíba.

É uma cena quase poética: enquanto Brasília discute equilíbrio fiscal, o poder decisório repousa em mãos nordestinas. A pequena gigante lembra ao Planalto que, na República, quem comanda não é o tamanho, mas a posição à mesa onde se decide o futuro do país. ‎

*Felipe Ramos – jornalista

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