Ninguém duvida que o Supremo condenará Jair Bolsonaro, no julgamento deflagrado neste segundo dia de setembro em Brasília. Não apenas porque Alexandre de Moraes quer condená-lo de toda forma, como acusam aliados do ex-presidente.
Mas porque Bolsonaro acumulou farta munição no carregamento que apurou a sua beligerante conduta criminosa no estímulo, tratativa e orquestração do movimento golpista durante e pós seu governo.
É cínico minimizar com superada cantilena segundo a qual Bolsonaro será condenado por um golpe que não houve. E, felizmente, não houve mesmo. Caso tivesse sido consumado, nem julgamento, nem Supremo e talvez nem ministros existiriam mais.
Pelo menos um deles, ‘Xandão’, teria sido executado, conforme escrito, planejado e estudado pelo famigerado Plano Punhal Verde.
A tentativa de golpe, por si só, é crime. A reivindicada e planejada ruptura institucional e democrática só não aconteceu graças, ironicamente, ao ‘nego’ das Forças armadas, esta abertamente acusada de covardia pelos apoiadores do golpe. Anônimos e ilustres.
A condenação que galopa a caminho pode parecer injusta para os fanáticos de Bolsonaro, sobretudo quando comparada aos sabidos atos de corrupção da Era PT e a vergonha apurada pela finada Lava Jato, mas Lula pagou o preço, enfrentou as consequências e passou quase 600 dias na cadeia, cana que apeou-lhe da disputa de 2018.
Jair Bolsonaro fez por merecer. Trocou a oportunidade de passar à posteridade como estadista e líder responsável e preferiu descer ao porão da história, acanalhando o cargo que o país lhe deu quatro anos antes. Insuflou lunáticos, criou instabilidades e incertezas, pressionou os militares, e conspirou com minutas golpistas contra a posse do eleito. Agora, colhe tempestade dos ventos que plantou.