Que Jair Bolsonaro (PL) é useiro e vezeiro de posturas e atitudes extremas, ninguém contesta. Dele, radical por opção ideológica, não dá pra esperar comedimento, moderação ou bom senso. Sua casa foi alicerçada no pilar do extremismo.
O mesmo não se pode dizer de um julgador da mais alta corte do país. De um ministro do Supremo Tribunal Federal se espera o rito constitucional e sentenças equilibradas.
O que, decididamente, não é a característica da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, réu de processo em andamento, e nem dos despachos de Alexandre de Moraes. Não pela prisão em si, último alto do ministro, mas pela elevada questionabilidade das medidas cautelares anteriormente aplicadas.
Amordaça-lo do direito de se manifestar, em público ou pelas redes sociais, é ato de legalidade absolutamente questionável e constrangedoramente antidemocrático. E irônico, porque parte da toga de quem se arvora garantidor da manutenção da democracia.
É cansativo, porém nunca demais lembrar que Lula, julgado em três instâncias distintas, como manda o devido processo legal, teve direito a dar entrevistas e a se manifestar, até depois de condenado na Carceragem de Curitiba.
O petista é inúmeros aliados próximos denunciaram, democraticamente, no Brasil e no mundo o que à época consideraram injustiças e ilegais as medidas pela Lava Jato. Por que Bolsonaro, certo ou errado, está cerceado do direito de fazer o mesmo em sua defesa?
Ele está proibido de conceder entrevistas na imprensa ou até de qualquer manifestação na sua própria rede social e até de terceiros. Além de preso, antes do decantado julgamento final, o acusado está previamente censurado. Em nome da democracia…
A questão não é mais que a prisão domiciliar – a nova escalada de Alexandre de Moraes – presenteou Bolsonaro com mais material no teatro da martirização. É que da Justiça não se espera nem a passividade e nem o exagero. Mas a balança justa e legal. Independente de quem seja o réu. Mesmo um ex-presidente e artífice de uma tentativa de golpe.