Ninguém discute a beleza natural e a sedução do modelo de cidade e de vida em João Pessoa. Os turistas que voltam e os que ficam para sempre estão aí para contar e provar.
A cidade, que respira um excelente momento, está em vias de experimentar uma de suas etapas históricas mais alvissareiras, com a consolidação, enfim, do Polo Turístico do Cabo Branco.
Mas essa mesma namoradinha do Brasil convive com um vilão: ainda somos uma capital com baixo poder de renda e dependente do PIB da gestão pública. Traduzindo: uma cidade de servidores públicos ou seus conexos.
Aumentar o ticket dos nativos e visitantes é um dos grandes desafios que João Pessoa tem para superar, na avaliação, por exemplo, do engenheiro André Agra, especialista em Cidades Inteligentes, e do secretário de Inovação do Centro Histórico, Thiago Lucena.
Entrevistados do Programa Hora H, da TV Norte Paraíba, os dois foram consensuais: uma cidade sustentável e inteligente vem acompanhada de uma população próspera. Uma não existe sem a outra.
Na prática, entre outras coisas, isso significa mudar a proporção de 95 mil usuários do Bolsa Família frente à 212 mil carteiras assinadas. Uma cidade sustentável começa no desenvolvimento econômico, mas na geração de prosperidade coletiva.
A lógica é matemática: quanto mais prosperidade, menos dependência econômica do poder público; seja do emprego estatal ou do benefício social, advoga Agra. É essa virada de página que legará musculatura de crescimento saudável ao município de quase 1 milhão de moradores.
Responsável pela Via Crucis da ressurreição do Centro Histórico, Thiago Lucena vê conexões entre a região embrionária da cidade e o Polo Turístico, materializado e viabilizado pelo governador João Azevêdo (PSB). “O Centro Histórico vai ter o turista que gosta de áreas históricas, o europeu, por exemplo. O Centro Histórico tem que se desenvolver, também, por conta do Polo Turístico”.
Acrescentando, em tom de alerta: “O Polo Turístico não sobrevive de fim de semana. Precisamos de um turismo executivo, que os hotéis sobrevivam pela semana”. Ele faz a defesa da prospecção de negócios e indústrias geradoras de vagas de trabalho para as pessoas e receitas para os cofres públicos.
André Agra complementa o raciocínio: “O turista do ticket alto quer estar numa estrutura de luxo (Polo Turístico), mas experienciar a cidade. Se ficar uma ilha, você cria desenvolvimento sem prosperidade, sem entregar riqueza para os cidadãos”.
Ou seja, a cidade, seu empresariado, organismos e instituições têm também a responsabilidade de pensar e estruturar o pós-Polo. É a missão de proporcionar a quem chegar ao complexo turístico o desejo de saborear a cidade por inteiro, encontrando, de preferência, uma cidade inteira e plenamente feliz em acolher.
Uma tarefa para ontem. Se aqui o sol nasce mais cedo, o futuro já despertou.