O Flamengo era o time da casa. Da casa de Manoel Vicente e Edilva. Do filho do casal, Edcarlos, também. Assim, quem frequentava aquela alegre residência da Rua Ana Rocha, em Marizópolis, tinha grandes chances de se converter à paixão rubro-negra. Criança assídua daquele ambiente, fui inevitavelmente um desses fisgados no Brasileirão de 1992.
Vi pela televisão da casa, uma das poucas do então distrito, aquela apoteótica campanha do elenco liderado por Leovegildo Lins Gama Júnior, maestro Júnior, paraibano de Cabedelo. O melhor volante que já assisti na vida. Defensor qualificado, armador eficiente e atacante surpreendente, Júnior fez oito gols naquele campeonato, o mesmo número do centroavante Gaúcho, marca que dá a ideia da perfomance do capitão de 38 anos, à época.
Foram 13 vitórias, nove empates e cinco derrotas até chegar a grande final contra o Botafogo de Márcio Santos e Renato Gaúcho. Um Maracanã lotado por 100 mil pessoas assistiu a um baile do time da Gávea; 3 x 0 logo no primeiro tempo, com placar aberto por Júnior, seguido de Nélio e Gaúcho. Sem reação alvi-negra.
No segundo jogo, uma semana depois, a estrela de Júnior voltou a brilhar. O primeiro do Flamengo veio dos pés dele. De falta, bola parada, o paraibano confirmou o terror dos goleiros, com mais uma das suas trivelas. Final: Flamengo 2 x 2 Botafogo. Mesmo com o acidente e morte de três torcedores atingidos pela queda de um alambrado foi impossível conter a festa diante de inacreditáveis 122 mil pagantes no Maracanã.
Era a consagração de um elenco de transição formado por veteranos, como Júnior, Zinho, Gaúcho e Gottardo, e revelações do nível de Nélio e Paulo Nunes, a leva seguinte de craques do “Time do Povo”. Naquele domingo, 12 de julho de 1992, o Mengão acabava de virar penta-campeão brasileiro e de ganhar o seu mais novo torcedor-mirim, de oito anos de idade.
O mesmo que, três décadas depois, quando liga a TV para assistir o Flamengo de Léo Órtiz, Arrascaeta e Pedro volta a torcer, feito criança, pelo seu time. Mas agora acompanhado de outros meninos, os meus Daniel, Benjamim e Cleiperon – a mais nova geração flamenguista. Frutos daquele Flamengo de 1992…