Depois da vitória do exército britânico na Batalha do Egito, em 1942, o primeiro-ministro Winston Churchill filosofou: “Agora, este não é o fim. Não é nem mesmo o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo”. Na contundente entrevista na Hora H, da Rádio POP e Rede Mais Rádios, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) mostrou disposição de virar a página do começo tumultuado do debate da sucessão na base governista.
Pelo conteúdo, deflagrou o mote da antecipação imediata de revista à tropa governista. Pregou pressa na definição, estipulou prazo para agosto e deflagrou o processo da contagem de quantos o projeto do governo pode realmente contar para 2026. Começou pelas grandes patentes e logo pelo seu quartel general.
O comandante em chefe do PP exortou publicamente lealdade e reciprocidade político-partidária ao prefeito Cícero Lucena (PP), cabo eleitoral de prestígio. Pressionado pela cobrança de “respeito”, sob ameaça de “tomar medidas”, nas palavras de Cícero, Aguinaldo respondeu com um histórico de apoio partidário ao político e gestos pessoais à família Lucena.
Na sua homilia, até saiu do seu tom monástico habitual e envergou palavras fortes. Sacou várias vezes o termo traição, cobrou motivos para rompimento e censurou o prefeito pelos movimentos extra-partidários e flertes paralelos, cada vez mais crescentes e públicos, com setores da oposição. O que faz tempo deixou de ser segredo.
Como quem cansou de ouvir calado, o deputado decidiu que é hora de dizer. E o que disse em resposta às perguntas do autor deste Blog e de Wallison Bezerra teve clareza solar: o projeto do PP é fazer o vice Lucas Ribeiro governador, como ajudou a fazer Cícero Lucena eleito e reeleito na capital, “um cidadão que estava fora da política”, nas aspas de Aguinaldo.
A fala teve timbre de desabafo e formato didático. Um freio de arrumação. Deixou no ar que o prefeito pode romper com o PP e até com o governo, mas por “um projeto pessoal”, contra quem lhe estendeu a mão e, talvez, aliado com os que lhe tiraram da política por um tempo e trabalharam contra ele até o recente 2024, inclusive infligindo ao prefeito e familiares o “momento mais difícil” da campanha. Ou seja, se houver traição não será do PP.
Defensor da candidatura “natural” de Lucas e cobrador da fatura partidária, Aguinaldo ‘carimbou’ o movimento do que Cícero Lucena pode fazer (ou não) daqui para frente. Agora a carta está na mesa do prefeito e cabe a ele decidir se este é o começo do fim ou fim do começo.