Adriano Galdino é caririzeiro. Portanto, entende o mínimo de bode. E sabe o tamanho do estrago que a catinga do bicho faz numa sala de estar. Imagine na sala de debate da sucessão eleitoral da base governista. Pois foi o que ele fez ontem, na Hora H, da TV Norte-Paraíba.
O presidente da Assembleia ousou e inverteu a ordem da ‘naturalidade’, conceito carimbado pelo próprio governador João Azevêdo (PSB) sobre o vice-governador e que tem conferido favoritismo à escolha de Lucas Ribeiro (PP).
E reivindicou para si esse título de “candidato natural”, argumentando o histórico de 14 anos do que classifica como lealdade ao PSB, em momentos de crise e instabilidade. “Onde os outros estavam”? pergunta olhando firme para as câmeras.
“O candidato natural do governo da Paraíba, da base do governador, tem um nome. O nome é Adriano Galdino”. Na sentença há uma explícita cobrança da fatura da ‘governabilidade’.
Adriano só não explica qual seria o argumento para fazer o vice, na cadeira de governador, a renunciar o direito de ser candidato. No lugar de Lucas, ele abriria mão da tal ‘naturalidade’?
Nem apresentou qual método lógico seria capaz de convencer João Azevêdo (PSB) a ser candidato a senador pela oposição ao seu próprio governo, ou por outra chapa que não seja aquela encabeçada por quem herdará dele uma estrutura “do tamanho do mundo”.
Mas sacou uma carta na mesa. O deputado prevê incompatibilidade da chapa de João com a Federação União Progressistas. Segundo seus levantamentos em Brasília, a Federação vai proibir voto em Lula. “Vai ser água e óleo”, definiu, ao dizer que João não terá como explicar aliança com um governador (Lucas) que não votará em Lula.
No estilo demolidor, também colocou em dúvidas a viabilidade eleitoral de Lucas, a quem trata como um candidato que terá dificuldades para se reeleger: “Isso não quer dizer que Lucas esteja perdido, estou dizendo que é uma eleição difícil”.
Sobre Cícero Lucena (PP), com quem tem conversado, Adriano aconselhou o prefeito da capital a deixar o partido de Aguinaldo Ribeiro. Ou faz isso e dá um sinal público de que é candidato para valer ou alimentará a desconfiança de “jogo de cena”.
Teve também missiva para o seu partido, Adriano disse crer que fazendo o dever de casa, mostrando bom desempenho nas pesquisas, o Republicanos não terá discurso para lhe negar legenda. Mesmo sabendo que a atual prioridade do presidente Hugo Motta é emplacar a candidatura do pai, Nabor Wanderley, ao Senado.
Numa só entrevista, em menos de uma hora, Galdino botou um rebanho inteiro de bodes na sala governista. Aliás, nas salas… de João, Hugo, Lucas e Cícero. Cada um com mal cheiro mais forte que o outro. E com sinais de que, se necessário, pode buscar abrigo em outros apriscos…
Adriano Galdino durante entrevista ao autor deste Blog, na Hora H, da TV Norte-PB (Foto: divulgação)
