Todo problema tem solução. Se não tem solução, não é um problema. A filosofia de boteco faz sentido. Em 12 de maio passado, o governador João Azevêdo (PSB) foi questionado pelo autor deste Blog no Programa Hora H, da TV Norte Paraíba, sobre o problema interno do PP. João cravou: o PP é quem tem que resolver sua disputa interna.
Falava do ‘problema’ do impasse entre o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) – o candidato “natural” – e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena – líder das pesquisas até aqui.
Quase dois meses depois, a receita prescrita pelo governador não evoluiu para tratamento eficaz e estancamento da sangria crise, que só se avoluma.
Se de um lado a perspectiva de poder de Lucas cresce cada vez mais na proporção do avanço do calendário e das declarações de João pela candidatura ao Senado, do outro Cícero Lucena demonstra cada vez menos disposição de baixar a guarda.
Muito pelo contrário. O prefeito da capital palmilha o chão dos territórios paraibanos com presença política e recados repetidos. Um dos últimos foi milimetricamente calculado.
Perguntado pelo repórter Napoleão Soares sobre sua pré-candidatura, o prefeito sentenciou: “Minha pré-candidatura é irreversível. Só Deus, em primeiro lugar, e o povo, caso não queiram meu nome, me tiram desse projeto”.
A fala coloca na dianteira da prioridade os desígnios divinos e a vontade popular e deixa em segundo plano o próprio PP, o governador João Azevêdo, condutor do processo, e até o arco partidário.
Ao jornalista Levi Dantas, hoje, na Rádio Líder FM, em Sousa, o prefeito da capital cobrou critério da base governista para definir a chapa e pediu justificativa para ele não ser o ungido do grupo.
Abertamente, Cícero intensifica o movimento em faixa própria, estica a corda e aumenta – a cada dia – o tamanho do “problema” para a direção estadual do PP, o seu partido.
E para o PP vai ficando ainda mais difícil resolver essa equação enquanto quem é visto como ‘problema’ permanecer convencido, irreversivelmente, de que é a ‘solução’.