Há quase uma década, o Hotel Tambaú deixou para trás sua perfomance de joia da coroa do turismo paraibano e passou a ser o que, lamentavelmente, é hoje: um escombro mal assombrado pela má gestão que o levou à ruína. Depois do fechamento, entre o arremate e a decisão do Superior Tribunal de Justiça já são quatro anos de impasse.
Ao contrário do que se imagina, o prejuízo não foi só para o hotel em si ou para a imagem de João Pessoa. Foi além. Pelas contas do empresário Ruy Gaspar, da AGHotéis, entrevistado do autor do Blog ontem na Hora H, da TV Norte Paraíba, os cofres da Paraíba perderam, no mínimo, cerca de R$ 100 milhões em arrecadação de impostos.
Águas passadas, os moinhos movem para frente. Aparentemente superada a briga judicial, resta agora esperar e torcer para que a nova administração faça do Tambaú um hotel realmente novo, unindo a sua tradição histórica de glamour e particularidades singulares à renovação com novos atrativos exigidos pela modernidade. Bem sucedido na gestão dos excelentes hotéis Ocean Palace e Costeira Palace, em Natal-RN, Gaspar tem portfólio e credibilidade.
Ele, inclusive, poderia ter escolhido discrição nessa chegada, seguindo o script dos investidores do ramo. Por opção, botou a cara à exposição e à tapa. Corajosamente, na entrevista defendeu a ampliação da capacidade do atual aeroporto metropolitano (Castro Pinto) para comportar a demanda turística já em franco crescimento e se manifestou a favor do aterro da praia para alargamento da orla de Manaíra. A semelhança do que ocorreu em Natal, capital potiguar e terra natal do empresário, com muitas reclamações e preocupações posteriores.
Esse ponto da fala dele consiste em polêmica de alta sensibilidade para os brios de João Pessoa, cidade cujo diferencial é sua orla aconchegante, mais próxima possível do natural e sem grandes artificialidades. A lógica de Ruy é a do empresário hoteleiro que vê no espaço de praia a proporção do faturamento. E ele não faz questão de escondê-la e nem maquiá-la. Direito dele.
O dever nosso, dos nativos, entretanto, é o da sustentabilidade e proteção ao meio ambiente, principalmente, capaz de evitar a repetição aqui do drama vivido em outras capitais que convivem com os efeitos nocivos da tal engorda. Geralmente, começa com sonho bonito brilhando na maquete e depois se transforma em pesadelo materializado em impactos ambientais e prejuízos e receios até para banhistas.
A nova gestão do Hotel Tambaú, que acaba de desembarcar aqui, precisa se sintonizar no espírito da cidade. O pessoense é acolhedor por natureza e está de braços abertos, sem preconceitos, para receber e apoiar novos investimentos. Ruy, portanto, deve saber – desde já – que ele e as suas boas intenções de resgatar o Tambaú são muito bem vindos. Mas, não pode esquecer importante detalhe; por enquanto, só queremos importar de Natal (RN) o que deu certo. Porque qualidade de vida – nosso principal produto – João Pessoa está exportando.