Na histórica Princesa Isabel, Cícero declara 'território livre' para 2026 – Heron Cid
Opinião

Na histórica Princesa Isabel, Cícero declara ‘território livre’ para 2026

10 de maio de 2025 às 19h31 Por Heron Cid

Era um 19 de fevereiro de 1930. Naquela data, narra o escritor Tião Lucena em “A Guerra de Princesa”, o presidente João Pessoa e comitiva adentram Princesa Isabel, no sertão paraibano. Lá, foram recebidos por um insatisfeito coronel Zé Pereira. A visita, vista como uma oportunidade de armistício, foi o estopim para o icônico conflito que a história testemunhou meses depois.

Quase cem anos depois, na mesma Princesa Isabel, Cícero Lucena (PP) riscou o chão e demarcou, de uma vez por todas, seu território político no bloco governista da Paraíba. Nos estúdios da Princesa FM, o prefeito de João Pessoa deu uma declaração reveladora do seu espírito disposto a ir as últimas consequências para fincar o pé na eleição de 2026.

“Não são as questões naturais que elegem. Quem elege é o povo, é a vontade do eleitor. Lucas (Ribeiro) é um jovem de experiência política, é um ser humano maravilhoso, mas nós estamos falando de política”. Dita em resposta à pergunta do autor deste Blog – se votaria na ‘candidatura natural’ do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), caso este assuma o governo -, a fala dispensa maiores traduções.

Em outras palavras, Cícero colocou em dúvidas o potencial do seu companheiro de partido e vice-governador, mesmo no cenário de exercício do poder e com candidatura à reeleição na praça, hipótese sinalizada pelo governador João Azevêdo (PSB) que se inclina pela desincompatibilização do cargo para disputar o Senado.

As palavras foram proferidas poucos minutos antes de o prefeito dividir o mesmo espaço – em clima anuviado – com o vice-governador na mesa solene do Orçamento Democrático, na cidade cujos fatos históricos precederam a Revolução de 1930. Um dia anterior, Lucena já havia surpreendido ao desembarcar, sem prévio aviso, em Itaporanga, onde o governador e secretariado cumpriram agenda. Muitos não disfarçaram a inquietação diante da “visita inesperada”. João Azevêdo, porém, não passou recibo.

Na emblemática Princesa Isabel, o desassombrado Cícero Lucena não declarou guerra (ainda!). Mas deixou no ar inequívoco sinal de alerta ao seu partido, o Progressistas, e, por tabela, a toda a base governista. O prefeito não abrirá mão de avançar sobre o território que solenemente declarou livre. Com ou sem Lucas Ribeiro no Palácio. Uma prévia da Revolução de 2026?

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