Lucas Ribeiro e o jeito suave de dizer coisas ásperas – Heron Cid
Opinião

Lucas Ribeiro e o jeito suave de dizer coisas ásperas

7 de maio de 2025 às 16h32 Por Heron Cid
Sem aumentar o volume de voz, o vice-governador começa a falar grosso

Nem sempre é sobre o que se diz, mas como se diz. Aos 35 anos, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) conseguiu a fórmula de tratar assuntos asperamente complexos sem perder a leveza natural de sua voz.

Na Hora H, da TV Norte Paraíba, o jovem político exerceu esse malabarismo verbal. Principalmente, quando encarou um problema que o bloco governista ainda não soube resolver; a postura de aliados que alimentam o corpo no Palácio da Redenção e mantêm uma sonda reserva na oposição.

“Vai chegar a hora de perguntar a essas pessoas com quem elas querem contar e estar”, lapidou Lucas, com precisão aritmética, ao se referir a lideranças governistas que convivem muito bem (obrigado!) e até anunciam voto em candidaturas majoritárias do outro lado da rua.

Um movimento passivamente tolerado ao preço de criar sérias dificuldades políticas para o governador João Azevêdo (PSB) e a criar forte desestímulo a eventuais pretendentes a um segundo candidato a senador na chapa palaciana.

Lucas também enfrentou outro dilema latente na base.

No esteio da perspectiva real de desincompatibilização e posse do vice, há uma disputa – nem tão silenciosa assim – entre aliados de um e correligionários de outro.

Lucas deu o tom e avisou aos próprios aliados: “Revanche e perseguição não levam a lugar nenhum. O apelo tem sido de soma, não de dividir e tirar aliados”.

Ficou a mensagem sanativa contra ansiedades de quem iniciou contagem regressiva ao poder para excluir adversários locais. Muitas vezes, por hostilidades pessoais e interesses nada republicanos.

Os dois temas são reais. E não dá para ignorá-los e nem resolvê-los por decreto. Como, também, não se pode disfarçar o potencial de risco dos seus efeitos para dentro e para fora.

Sem alterar o volume da voz, Lucas Ribeiro deu um recado alto. Que tende a ser mais ouvido à medida do avanço do calendário.

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