Nos últimos dias, o Tribunal de Contas do Estado ficou num beco estreito ante a indicação de Alanna Galdino para conselheira da Corte. Entre as pressões públicas a partir dos questionamentos do Ministério Público de Contas e a sua própria natureza de flagrante e indisfarçável formação política.
Antes da abertura de nova vaga, o TCE se esforçou com evidentes recados presidenciais. Nunca disse quem queria, mas deixou muito claro quem não queria.
Caiu, por antecipação, a pretensão do deputado estadual Tião Gomes (PSB), indiretamente barrado por pendências jurídicas em aberto a inviabilizá-lo.
Na polêmica em torno da filha do presidente da Assembleia, Adriano Galdino, o TCE fez suas contas técnicas e políticas.
Se atendesse ao MPC, barraria uma indicação quase unânime do Legislativo que assessora tecnicamente e ganharia alguns bônus de imagem da opinião pública a que serve.
Se rejeitasse a representação, absorveria o ônus de críticas, mas preservaria a identidade do formato constitucional que confere ao Legislativo a prerrogativa política das indicações.
Ou seja, o modelo pode e é muito questionável, como registrei em análise aqui ontem no Blog, mas é o que vigora. E é exatamente o levou a maioria dos atuais conselheiros, com vínculos políticos e familiares, a estarem onde estão.
Aliás, esse argumento foi sacado, de peito aberto, pelo conselheiro Arnóbio Viana em seu voto, assim como o relator Nominando Diniz se amparou na liminar do presidente do TJ, Fred Coutinho, validando juridicamente a indicação da Assembleia.
Entre a opção de moer a máquina da autofagia interna ou preservar à própria espécie, o Tribunal seguiu seu instinto de sobrevivência.