A noite de 28 de março de 2025 alinhou os astros para uma virada de página na vida universitária paraibana. A posse do meu contemporâneo e conterrâneo da República de Marizópolis, professor Camilo Farias, na reitoria da Universidade Federal de Campina Grande, consolida uma reparação histórica e deixa profundas lições políticas.
Antes dele, em João Pessoa, a oficialização da reitora Terezinha Domiciano, na Universidade Federal da Paraíba, iniciava a retomada democrática no ensino federal no estado, ferido pelo corte autoritário da intervenção do governo do então presidente Jair Bolsonaro.
Quatro anos atrás, Terezinha foi eleita por ampla maioria. Entretanto, a escolha presidencial recaiu sobre Valdinei Gouveia, o terceiro colocado. Processo idêntico viveu Camilo Farias, eleito vice ao lado de Vicemário Simões (reitor), com 50,% dos votos, ambos impedidos de assumir pela barreira da nomeação do último colocado, Antônio Fernandes, dono de parcos 19,47% da votação.
O arbítrio, sob o pífio propósito de se ‘desideologizar’ a universidade, revelou-se tanto ineficaz quanto inócuo, para não chamar de burro. As nomeações à fórceps botaram na testa dos nomeados o carimbo de párias, rejeitados e desprovidos de autoridade e liderança para comandar qualquer avanço. O efeito foi colateral.
Mesmo no poder, fruto da vontade imperial, os ‘interventores’ não conseguem pontificar nada de concreto e conceitual na gestão nem muito menos conquistar território político para a “direita”, como se pretendia. Os resultados das eleições seguintes gritaram alto. Na revanche, Camilo Farias ganhou com 61% contra 38% do reitor imposto e candidato à reeleição. Terezinha foi a 67% contra míseros 6,67% de um Valdinei montado no cargo e na estrutura.
Diferente do antecessor, o presidente Lula da Silva (PT) fez o certo: nomeou os eleitos. Como deve ser numa democracia, a vontade da maioria é o único decreto a ser cumprido. Nas urnas e na universidade, também.
Os “piratas da intervenção”, como foram ironicamente batizados os “interventores” pelo professor Vanderlan Silva, durante discurso de posse de Camilo Farias, foram removidos das instituições pela lei do voto e saíram pela porta que foram impostos, a dos fundos. É a pedagógica e poderosa lição que fica. Para que não se repita!