A surpreendente jogada de Cássio Cunha Lima, consumada esta semana, mexeu com o tabuleiro político estadual e provou que o ex-senador nunca se aposentou da política. Apenas goza férias formais da planície paraibana e opera no planalto, por cima.
Entre um churrasco e outro publicados nas redes sociais, foi nos bastidores que Cássio deu um corte rápido. Largou de lado o PSDB – carne de terceira às moscas na prateleira – e abocanhou um filé mignon da política nacional, o PSD.
O PSDB é um partido com decreto de morte cerebral. Na Paraíba, com quadros minguados e debandada de prefeitos, também aguarda apenas o desligar dos aparelhos.
Nele, as pretensões do ex-deputado Pedro Cunha Lima se esvaíam na proporção da ascensão do senador Efraim Filho (União Brasil). Já no poderoso PSD, de Gilberto Kassab, o projeto de Pedro – abafado pelo ocaso tucano – volta à superfície.
Por isso, o fato não pode ser analisado pelo viés pontual da saída da senadora Daniella Ribeiro e a chegada de Pedro no partido. A mudança representa baixa significativa para o bloco governista, e uma conquista considerável da oposição.
Se não traduzir ganho imediato, a operação carrega, desde já, um triunfo simbólico porque transmite mensagem de perspectiva de poder. O que, em política, vale tanto quanto poder.
Mas, na linguagem pragmática do mundo político, Pedro agora dispõe do que não tinha mais para atrair aliados; tempo de propaganda e, principalmente, forte estrutura de fundo eleitoral.
E isso desperta mais o apetite de estômagos famintos na política do que o perfume de churrasco de primeira.
Cunha Lima largou carne de terceira (PSDB) e abocanhou um filé mignon (PSD)