Quatro meses em fuga, para quem sempre teve liberdade de ir e vir, poderia ser alguma coisa capaz de mudar a cabeça ou sensibilizar qualquer ser humano com o mínimo de humanidade.
Seguidos recursos negados na Justiça poderia ter feito cair a ficha de que poder e dinheiro pode muita coisa, mas nem tudo.
O ocaso do esconderijo, distante do círculo familiar e de amigos, teria tudo para gerar algum senso de revisão de posturas e atitudes.
O julgamento social do mesmo ambiente em que antes circulava com autoridade, pompa e intimidade restaria algum nível de constrangimento e arrependimento.
Poderia… Se não estivéssemos falando de FERNANDO PAREDES CUNHA LIMA. Enfim, capturado, pela Polícia Civil da Paraíba, o pediatra é acusado de pedofilia em seu próprio consultório.
Contra ele, dois mandados de prisão preventiva. Foragido, esperou o processo ser esquecido em flat confortável e o assunto esfriar à base de cervejinha e sorvete, até que seus bons advogados gelassem tudo nas instâncias superiores.
Não bastasse o deboche com a Justiça e o desprezo com as vítimas, o doutor voltou à cena de um jeito que deve ter desconcertado até os advogados de defesa.
Perguntado, olho no olho, pelo jornalista Wallison Bezerra, o médico voltou a exercer a indiferença, sentimento que parecer ser peculiar à sua natureza.
Com ar de total menosprezo, previu, diante de repórteres, sem maiores receios e medo de ser feliz: “Eu vou ficar (na cadeia) só dois dias, eu saio”!
Por formação ou caráter, Fernando Cunha Lima só pode ser daqueles que continuam pensando que cadeia ainda é coisa somente para quem não tem sobrenome importante, dinheiro ou costas grossas.
Se tem gente ainda achando que impunidade é a regra no Brasil, o doutor Fernando tem toda certeza. E disso não pede segredo. Para ele, começou a contagem regressiva. A cervejinha está esperando no isopor?