Tá ficando mais difícil esconder o dia do sol para a tese bolsonarista de que não houve o que se reivindicou nas calçadas dos quartéis, o que se apelou nas redes sociais e até se tramou no Palácio do Planalto. Com a anuência e incentivo do presidente da época.
Uma trama cujo aborto – por razões alheias à vontade dos golpistas – foi recebida com irada frustração bolsonarista contra as Forças Armadas, acusadas de covardia pelos radicais por não ter bancado a aventura lunática e autoritária do golpe, denunciado formalmente esta semana pela Procuradoria Geral da República.
Diante da robustez dos elementos fáticos, do conteúdo dos depoimentos e as revelações das delações, restou ao advogado Celso Villardi, da defesa do ex-presidente, apenas tentar afastar a participação e culpabilidade de Bolsonaro nos episódios que ele sabidamente flertou, dominou e estimulou. E agora renega deixando aliados da conspiração na beira da estrada.
O próprio advogado admite – de viva voz à Globo News – a existência e gravidade dos fatos e crimes denunciados. O que não dá mais para segurar e negar, a não ser no planeta Bolsonaro.
“Não há dúvidas de que existiram fatos graves que foram narrados na denúncia. Não estou minimizando os fatos, estou apenas afirmando, de que o presidente não participou”, assinalou Villardi.
Eis a tese ensaiada. Confessa-se o movimento e a tentativa golpista, óbvia como a redondez da terra, mas só Bolsonaro não sabia e nem participou. Em português jurídico: que os outros paguem o pato, menos o “mito”.
Um ‘mito’ que vai se desnudando e se mostrando, cada vez mais, o que sempre foi; apenas uma lenda.