Em 1971, o ex-deputado Rubens Paiva foi detido, em casa, por agentes da ditadura militar para um depoimento. Nunca mais voltou. A esposa, Eunice Paiva, mãe dos seus cinco filhos órfãos, lutou por décadas para provar o que só foi reconhecido em 2014. O engenheiro foi torturado até a morte num quartel no Rio de Janeiro. O corpo nunca apareceu.
Até hoje, dos quatro militares responsáveis pelo assassinato, nenhum foi julgado e condenado. Esse drama foi retratado no necessário e indispensável filme ‘Ainda Estou Aqui’. Assim como Rubens, pelo menos 434 brasileiros tiveram o mesmo destino trágico.
Hoje, 54 anos depois, a Procuradoria Geral da República denunciou 34 pessoas pela trama de uma tentativa de golpe que nos condenaria a reviver o pesadelo do arbítrio e da ilegalidade. Entre os denunciados, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – a pólvora que manteve todo o tempo a conspiração no gatilho.
O ovo da serpente do passado de autoritarismo, sangue e, principalmente, a falta de punição chocou. Filhotes, que, por muito pouco, não devolveram o país às trevas de uma ditadura.
O Brasil não pode permitir de novo a impunidade e a repetição desse filme. A Democracia e a Lei ainda estão aqui!