Brasília – Do lado do Brasil. Esse foi o slogan do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa pela Presidência da Câmara. A frase de efeito na campanha ganhou reforço no seu enfático discurso, instantes após eleito com o placar substancial de 444 votos. Discurso, aliás, com forte conteúdo histórico, ou “de estadista”, como bem classificou o governador João Azêvedo (PSB).
Num Brasil contaminado pelo insano separatismo político-ideológico, Motta uniu PT e PL na mesma mesa. Empossado, exortou uma reflexão nacional: “Somos todos brasileiros e brasileiras, e, seja qual for a visão de mundo, o Brasil nos une e nunca pode nos separar”.
Em seguida, tocou na ferida: “O povo brasileiro não quer discórdia. Quer emprego. O povo brasileiro não quer luta pelo poder. Quer que os Poderes lutem por ele. O povo brasileiro não quer a divisão da ideologia, mas a multiplicação no seu dia a dia”. Ou nas redes sociais: “Não interessa de onde vêm as ideias, mas para onde elas nos levam”.
No país dominado por facções fundamentalistas de apreço personalista e histérica e estéril radicalização, o mais jovem presidente da Câmara da nação pregou o equilíbrio, a moderação, a convivência respeitosa das diferenças: “Passou o tempo do dedo na cara. É hora do olho no olho. O respeito não grita. O respeito ouve e se faz ouvir”.
Hugo teve a coragem de assumir uma posição de centro, estigmatizada desde a instalação desde a normalização do extremismo como moda e receita política. E encampou-a num momento em que se tem orgulho de se assumir de esquerda e de direita, uns com sentimento de superioridade intelectual, de um lado, e superioridade moral, de outro. Sem antecipar os fatos, Hugo fez uma defesa centro como alternativa (volto ao tema). Foi porta-voz dos líderes partidários que começam a ver nesta crise uma oportunidade.
“Porque não existe um caminho da Direita, um caminho da Esquerda ou um caminho do Centro: existe apenas o caminho do Brasil”, exclamou Hugo. Tudo isso para dizer, em outras palavras, o que já é possível constatar fora das bolhas; o ideologismo não tem resolvido problemas práticos do cotidiano e parte da população cansou da polarização. Mais sensato do que brigar para ser do lado de Lula ou por Bolsonaro é, primeiro, e antes de tudo, estar “ao lado do Brasil”.