Análise: João e Adriano, um motivo para brigar e 2026 para se entender – Heron Cid
Opinião

Análise: João e Adriano, um motivo para brigar e 2026 para se entender

20 de janeiro de 2025 às 14h35 Por Heron Cid
Governador e presidente da Assembleia, entre ônus e bônus do (des)entendimento

Somente depois que a poeira baixa é possível separar o que é ventania e o que é chão. O governador João Azevêdo (PSB) e o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos), fizeram a terra da política paraibana subir, semana passada.

No meio do redemoinho até a possibilidade de rompimento entrou no rodopio. As palavras de contestação de Adriano formaram um ciclone desproporcional de insatisfação e extrapolaram o sussurro da intimidade para o tufão das rodas públicas.

Com um sopro simples, Adriano poderia ter apagado o fogo da declaração positiva ventilada na direção do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), o “candidato natural”, na hipótese da desincompatibilização de João para disputar o Senado. Coisa que o governador quer, não esconde e trabalha para tal.

Bastava minimizar, reconhecendo: João disse o óbvio do óbvio. E manter, mesmo assim, seu nome no páreo, até porque a decisão final passará pelo critério de viabilidade – algo que não se pode fabricar – e pela construção com partidos e demais postulantes.

Passada a tempestade, João e Adriano, se quiserem, têm um motivo para romper. João pelo constrangimento da réplica exacerbada de Adriano. Galdino por se sentir, antecipadamente, preterido. Cada qual com suas razões pueris.

Mas, se pensarem direito, os dois têm muito mais razões para se entenderem. O governo João vem sendo generoso com Adriano e sua terra natal, Pocinhos, e não criou quaisquer obstáculos para suas seguidas reconduções na presidência da Assembleia.

Adriano, por sua vez, tem sido parceiro correto no comando firme do Poder Legislativo, arrebanhando seguidas vitórias nas votações, garantindo governabilidade, estabilidade política e poucas dores de cabeça ao governo no Parlamento.

Numa ruptura, João perderia uma paz que sempre gozou nos últimos seis anos na Casa e uma imprevisível desarrumação política. Adriano, por sua vez, se jogaria em aventura no colo de uma oposição cujo candidato previamente definido atende pelo nome de Efraim Filho (União).

Na oposição, Adriano seria, na melhor das hipóteses, um Plano C. No governo, se não emplacar seu projeto principal, ainda tem várias rotas de compensação. Da participação na chapa à possibilidade de manter-se senhor da Assembleia. Ainda que de forma terceirizada.

O tsunami do racha, portanto, só traria ônus a João e muito mais a Adriano. Bônus só para a oposição, que, de longe, faz seu papel, soprando com todas as forças para manter a poeira levantada.

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