Análise: Efraim Filho dobra a aposta – Heron Cid
Opinião

Análise: Efraim Filho dobra a aposta

7 de janeiro de 2025 às 20h50 Por Heron Cid
Senador vê reprise de cena da divisão de 2022, que lhe beneficiou, no filme de 2026

Jovem aluno de Direito ouviu de um colega de curso o sonho de ser ministro do Supremo. Em seguida, foi interpelado: “E qual é o seu sonho”? A resposta: “Nomear você”! O rapaz, que sonhava na época ser ministro do STF, agora é juiz. O que reagiu com a tirada da nomeação é o hoje senador Efraim Filho (União).

O revide jovial foi, claro, uma brincadeira. Em alguma medida, porém, reflete um quê de ousadia. Foi esse espírito, somado a vários fatores conjunturais, que alçaram Efraim à Casa Alta de Brasília, disputando pela oposição e correndo todos os riscos naturais de uma batalha com outros três concorrentes, entre eles um ex-governador.

A melindrosa costura de 2022, tecendo oposição e parte do governo na sua rede de apoio, é a que ele tem se determinado a reprisar em 2026, dessa vez como candidato a governador. Cuida, para tanto e até aqui com relativo sucesso, de preservar no seu entorno os mesmos prefeitos que votaram nele para senador, mesmo aqueles da base do governo e até filiados ao PSB.

Na leitura de Efraim, revelada na entrevista ao autor do Blog, na Hora H, da TV Manaíra, a sucessão estadual vindoura abre uma avenida – larga e sem semáforo – para renovação e alternância de um poder exercido há 16 anos pelo mesmo grupo político original, fendido em 2019 pela cruz da Operação Calvário. Diagnostica cansaço de um lado e oportunidade do outro.

Efraim ligou seu satélite político e transmitiu, ao vivo, uma mensagem pública com endereço preciso feito GPS: Hugo Motta e o Republicanos. Deixou, também, a porta aberta para o diálogo com PP do clã Ribeiro, na hipótese de eventual descompasso com o governador João Azevedo (PSB) na negociação da sucessão.

Em linguagem simples e pragmática da política, o senador aposta na rachadura do Palácio, gerando manutenção e conquista dos apoios dissidentes, tal como na eleição anterior para o Senado, e na unidade de uma oposição que comanda e pela qual, se quiser, será por ela ungido, sem grandes dificuldades e agonias.

O sonho de ser presidente da República, compartilhado com o amigo de faculdade, é uma utopia distante demais, mas Efraim parece, por ora, determinado lutar pelo posto que lhe garante o direito de, entre outras coisas, nomear aquele contemporâneo de faculdade pelo menos no Tribunal de Justiça da Paraíba. O estoque de ousadia está em dia!

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