É consenso, por um lado, que os partidos – como instituição – faliram. Por outro, são raros os filiados que conservam afinidade ideológica, compromisso político e fidelidade partidária. Uma coisa talvez explique outra. Esses e aqueles, portanto, estão em processo de extinção.
Haroldo Lucena, ex-dirigente do PMDB da Paraíba, estava na prateleira derradeira da resistência. Foi um homem de partido, de um único partido por uma vida inteira.
Preservou sua filiação até quando deixou de ser requerido pela legenda do coração. Até quando esta derivou para outros caminhos, como quase todas dessa devassidão de letras que se transformou – ou se deformou – o sistema eleitoral brasileiro.
Cultivou na convivência com Humberto Lucena, seu irmão, essa relação profunda, acima das circunstâncias, de compromisso programático, de lealdade às cores, dogmas hoje em dia em total desuso na ‘zona’ de siglas de aluguel, usadas e descartadas como camisinhas no jogo da prostituição política.
Para o emedebismo autêntico, era um dos últimos exemplares de um ‘movimento’ e de uma postura partidária que desceram à sepultura junto com Humberto, Antônio Mariz e Zé Maranhão. A morte de Haroldo apaga a centelha.