É uma miopia enxergar como movimentos isolados as adesões dos deputados João Bosco Carneiro Júnior (Republicanos), já anunciada, e Michel Henrique (Republicanos), em vias de consumação. A operação resolve sim problemas políticos individuais dos deputados e suas bases, mas equaciona, de uma vez, a unidade total e irrestrita do Republicanos, que está de olho na sucessão. De uma bancada de oito parlamentares na Assembleia, Bosco e Michel eram os dois únicos e últimos dissidentes.
O partido consegue, enfim, sua coesão interna e a entrega nas mãos do governador João Azevêdo (PSB). Costurada pelo presidente estadual da legenda, Hugo Motta, e pelo presidente da Assembleia, Adriano Galdino, dois diretamente interessados em 2026, a articulação foi bem sucedida para dentro e para fora.
Porque, além de remover as últimas dissidências, aumenta o peso do partido na balança da tecitura da chapa e ainda manda recado indireto para o Progressistas. A legenda do vice-governador Lucas Ribeiro – primeiro da linha de sucessão – convive com sequelas das eleições municipais e distanciamento de pelo menos três deputados (Galego Souza, Jane Panta e Paula Lacerda) da Granja Santana.
Uma pergunta, todavia, fica no ar: o governo tem a mesma disposição de aparar arestas, adocicar as azedas relações e receber de volta o trio de parlamentares do PP ou o gesto de tapetes estendidos para desafetos é concessão exclusiva ao Republicanos, sigla que faz mais barulho e pressão pública?