O que a eleição nos Estados Unidos manda dizer ao Brasil? O óbvio, mas – no mundo de hoje – cada vez mais necessário ser desenhado. Que na democracia a maioria vence. Ainda que o resultado não seja exatamente do agrado de um ou outro lado.
Apesar do óbvio, é interessante e contraditório assistir supostos defensores da democracia preocupados com o rumo de uma democracia que acabou de se expressar livremente. Nas urnas.
Donald Trump ganhou, como tem de ser, no voto. E dessa vez, nem pediu recontagem e nem mandou invadir o Capitólio. Lembra alguém por aqui?
Bem, reminiscências à parte, voltemos ao que interessa!
É pra lá de autoritário moldar o conceito de democracia ao umbigo. Para uns rascunhos de ‘democratas, só é democrático e aceitável o resultado que converge com sua torcida, convicção ou opção (serve para os dois polos dos extremos da moda).
A isso se dá outro nome: ditadura. E ditadura do pensamento, uma infame falsa sensação de superioridade moral de quem pensa pelas extremidades.
Democracia prescinde pluralidade. E os verdadeiros democratas sabem conviver/tolerar as diferenças. Ainda que elas não pareçam com o que se vê no espelho. Ainda que elas sejam difíceis de engolir.
De tão bela, a democracia comporta até a eleição de quem a cospe. Inclusive, na maior e mais consolidada democracia do mundo.
E que tal, ao invés de apontar o dedo para o pretenso erro do eleitor americano ou para os defeitos do eleito, tentar enxergar onde errou Kamal Harris, a eleita pela torcida antecipada e derrotada pelas urnas?
Seria mais, digamos assim, democrático!