Opinião: Bruno Cunha Lima, Jhony e o clima de déjà-vu em Campina Grande – Heron Cid
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Opinião: Bruno Cunha Lima, Jhony e o clima de déjà-vu em Campina Grande

23 de outubro de 2024 às 14h48 Por Heron Cid
CICLO - Eleição de 2024 guarda irônicas semelhanças com o imponderável da épica batalha de 2004

Dá pra dizer, sem medo de errar, que depois do então vereador Veneziano Vital (MDB), na emblemática eleição de 2004, de lá pra cá, o médico Jhony Bezerra (PSB) foi o único que conseguiu incomodar e tirar o poderoso e longevo clã Cunha Lima da zona de conforto.

Com o realinhamento forçado, fotografado em sorrisos amarelos, entre o deputado Romero Rodrigues (Podemos) e o prefeito Bruno Cunha Lima (União), Jhony começou desacreditado. Não sem razão.

Era um cirurgião diante de um paciente delicado na mesa de operação. Fechado o boletim do primeiro turno, o médico “forasteiro’ e estreante alcançou performance de gente grande e forçou um imprevisível segundo turno.

Um ‘fenômeno político’, admita-se, no front contra um azeitado e temido exército formado por praticamente todas as forças políticas tradicionais da cidade, unidas em suas divergências por questões pragmáticas e instintos de sobrevivência.

Na retal final, a temperatura das estratégias e o tom das falas evidenciam o acirramento dessa fase da campanha. Basta ver guias eleitorais, assistir as entrevistas, observar os debates e sentir a rua. Ou mesmo medir a acidez das redes sociais dos candidatos.

O combate se assemelha a um ringue no qual os dois lutadores calculam o adversário, antes de desferir os golpes, sabem que não podem errar e percebem que, na dificuldade de nocaute, esgrimam uma vitória por pontos. No detalhe.

O sentimento é palpável. A campanha do resiliente Bruno trabalha, com seus meios e forças, para conter o avanço do adversário, enquanto o destemido Jhony embala a projeção do sentimento e perspectiva de virada, nos dias finais da épica batalha.

Atenta a esse cenário e perplexa com os contornos improváveis em que a eleição rumou, a superlativa cidade, que tanto sabe ser conservadora quanto surpreendente, se reparte entre a mensagem de ruptura e de mudança e o apelo de continuidade do modelo Cunha Lima de governar.

Sob o slogan “100% Campina”, Bruno conseguiu untar numa frente Romero, Cássio e Pedro Cunha Lima (PSDB), Arthur Bolinha (PL) e até Veneziano Vital – justamente aquele que fora, até então, o último atrevido a desafiar a lógica e arrebatar o poder das mãos da icônica oligarquia. Herdeiro dela, o prefeito luta para evitar que a história se repita… Vinte anos depois!

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