Inelegível até 2030, Jair Bolsonaro mandou dizer, a quem interessar possa, que é o nome da “direita” para a eleição de 2026. E fez questão de soltar a pilhéria bem ao lado de um potencial concorrente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O recado desconexo com a realidade prática tem como destinatário Tarcísio e a quem se atrever a roubar a cena do capitão. Na lógica do mundo bolsonarista, serve para manter o seu monopólio dito conservador, mas é o que menos interessa ao debate público.
A frase seguinte, porém, tem lá sua serventia à reflexão política.
“Quem é o substituto de Lula na política? Não tem. De Bolsonaro? Tem um montão por aí. Eu colaborei a formar lideranças, estou muito feliz com isso”, ironizou o ex-presidente.
Nisso, Bolsonaro tem ampla razão. No comando do Planalto, elegeu impossíveis. O carioca Tarcísio, sem vinculação com São Paulo, é um exemplo. O “doido” jogou pedra na lua e fez o astronauta Marcos Pontes senador. Há outros similares na praça.
Lula, entretanto, não tem sucessores, como provocou publicamente seu antecessor. Na prateleira da oficina do PT não há pecas alternativas a Lula, caso o presidente não consiga ser candidato ou não queira disputar.
Essa dificuldade crônica de renovação é uma falta de ação estratégica do PT ou resultado da condução personalista e centralizadora do próprio Lula?
Claro que não se fabrica lideranças em laboratório. A resposta, portanto, pode ser a soma das duas coisas. E esse é outro desafiador dilema para a esquerda resolver no seu divã: a velha falta de gente nova e de um F5 no discurso.
O pior deve ser ouvir isso logo de Bolsonaro…