Bolsonaro aponta para Tarcísio, mira direita e acerta esquerda – Heron Cid
Opinião

Bolsonaro aponta para Tarcísio, mira direita e acerta esquerda

22 de outubro de 2024 às 20h22 Por Heron Cid
Ex-presidente demarca território e manda avisar que não vai largar fácil o osso do monopólio da direita (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)

Inelegível até 2030, Jair Bolsonaro mandou dizer, a quem interessar possa, que é o nome da “direita” para a eleição de 2026. E fez questão de soltar a pilhéria bem ao lado de um potencial concorrente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O recado desconexo com a realidade prática tem como destinatário Tarcísio e a quem se atrever a roubar a cena do capitão. Na lógica do mundo bolsonarista, serve para manter o seu monopólio dito conservador, mas é o que menos interessa ao debate público.

A frase seguinte, porém, tem lá sua serventia à reflexão política.

“Quem é o substituto de Lula na política? Não tem. De Bolsonaro? Tem um montão por aí. Eu colaborei a formar lideranças, estou muito feliz com isso”, ironizou o ex-presidente.

Nisso, Bolsonaro tem ampla razão. No comando do Planalto, elegeu impossíveis. O carioca Tarcísio, sem vinculação com São Paulo, é um exemplo. O “doido” jogou pedra na lua e fez o astronauta Marcos Pontes  senador. Há outros similares na praça.

Lula, entretanto, não tem sucessores, como provocou publicamente seu antecessor. Na prateleira da oficina do PT não há pecas alternativas a Lula, caso o presidente não consiga ser candidato ou não queira disputar.

Essa dificuldade crônica de renovação é uma falta de ação estratégica do PT ou resultado da condução personalista e centralizadora do próprio Lula?

Claro que não se fabrica lideranças em laboratório. A resposta, portanto, pode ser a soma das duas coisas. E esse é outro desafiador dilema para a esquerda resolver no seu divã: a velha falta de gente nova e de um F5 no discurso.

O pior deve ser ouvir isso logo de Bolsonaro…

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