Análise: o que esperar do inesperado segundo round em João Pessoa e Campina – Heron Cid
Opinião

Análise: o que esperar do inesperado segundo round em João Pessoa e Campina

8 de outubro de 2024 às 20h59 Por Heron Cid

Durante semanas pairou na superfície da ágora paraibana a dúvida sobre segundo turno em Campina Grande e João Pessoa. O eleitor foi lá, pregou uma peça nos dois prefeitos, que queriam bater a parada logo no primeiro turno, e esticou a eleição para ampliar a reflexão.

Na capital, o pessoense se dividiu entre quase bater o martelo na reeleição de Cícero  Lucena (PP) e numa chance “ao novo”. Ao contrário das projeções, descartou Ruy Carneiro (Podemos) e Luciano Cartaxo (PT), dois veteranos, e viu a característica da novidade em Marcelo Queiroga (PL), o único ‘virgem’ de mandato eletivo.

Para Cícero, recaiu o adversário preferencial, em tese. Nada, porém, autoriza subestima-lo, sobretudo, se o pleito se inclinar pela ideologização, o que só interessa, particularmente, a Queiroga, que tem menos a perder em eventual polarização nacional.

Pelo estilo e histórico, Lucena tem mais chances de ampliar apoios, mas – se prevalecer a habitual cautela – não cairá na tentação de jogar a favor do confronto entre “o candidato da esquerda e o da direita” (volto ao tema).

Em Campina Grande, o médico Jhony Bezerra (PSB) se agigantou no processo. Começou do nada e conseguiu se fazer entendido e opção de parcela do eleitorado campinense resistente à gestão do prefeito Bruno Cunha Lima (União). Foi o desaguadouro das insatisfações ao ponto de as demais candidaturas de oposição minguarem na reta final. Houve notória transfusão de votos.

Com o benefício de ser a surpresa da campanha e não ter sobre seus ombros a obrigação de ganhar, como o prefeito montado na máquina, Jhony deve fortalecer a mensagem de questionamento ao saldo da administração de Bruno e tentar atrair (ainda mais) o frustrado eleitor que via em Romero Rodrigues (Podemos) um antídoto a Bruno.

O prefeito deve usar mais tempo de propaganda para apresentar ações de gestão, diminuir os focos de desgaste popular e – pelos primeiros sinais – insistir na estratégia de estigmatizar Jhony como “forasteiro”, persistindo na tônica da associação do ex-secretário de saúde a denúncias e investigações policiais.

A fórmula já gasta, todavia, precisa ser reavaliada. No primeiro turno não funcionou como esperado e foi exatamente o tal “candidato de fora” que Campina escolheu para confrontar um antigo ciclo familiar reciclado e representado pela jovialidade herdeira de uma dinastia política que coleciona vitórias, mandatos e poder na cidade.

João Pessoa e Campina Grande têm cenários, eleitores e conjunturas diferentes, mas, no último dia 6, convergiram num ponto. Nas duas cidades, a população sobressaltou os ditos políticos tradicionais e seus modelos e experimentou mandar estreantes ao ringue do segundo round. Para, quem sabe, assistir se o final será decidido por pontos ou nocaute.

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