Análise: Hugo Motta e o futuro entre a planície e o planalto – Heron Cid
Opinião

Análise: Hugo Motta e o futuro entre a planície e o planalto

12 de setembro de 2024 às 16h02 Por Heron Cid
Iminente ascensão à Presidência da Câmara leva paraibano a posto de influência nacional com reflexos na conjuntura estadual

Em 1988, o paraibano Mailson da Nóbrega assumiu o Ministério da Fazenda. Houve efetiva e organizada torcida da Paraíba pela ascensão do conterrâneo e até o governador Tarcísio Burity foi diretamente ao presidente José Sarney reforçar a corrente de apoio tarimbado economista natural de Cruz do Espírito Santo.

A vibração positiva por paraibanos na Esplanada e em postos estratégicos da República é natural. Cria-se sempre a expectativa de que a presença resulte em ganhos políticos e administrativos para o estado. Foi assim com Ney Suassuna no Ministério da Integração Nacional e com Aguinaldo Ribeiro nas Cidades. Ambos deixaram boas marcas em ações e obras.

A iminente ascensão do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) à Presidência da Câmara reacende essa recorrente esperança de a Paraíba conquistar relevo em Brasília. O clímax aumentou desde o anúncio oficial do apoio do atual presidente Artur Lira (PP-AL) ao paraibano de Patos. Sem oposição do PT e do presidente Lula, Motta agora tem os dois pés no cobiçado cargo.

Como na Paraíba uma eleição puxa outra, o futuro já está na mesa de avaliação dos jogadores do xadrez político. Se confirmada a vitória, Hugo estará montado na linha direta de sucessão presidencial e terá nas mãos a chave da gaveta da agenda do Congresso. Não é pouca coisa. Tanto que será um de apenas três paraibanos que passaram pelo cargo: Efraim Morais (50 dias de 2002-2003) e Samuel Duarte (1947-1948).

Aos 35 anos, Hugo terá uma exposição privilegiada e raro poder nas grandes decisões do país. Com sua desenvoltura peculiar e capacidade de aglutinação, tem condições de se credenciar para uma eventual reeleição na Casa e esticar seu prestígio nacional por quatro anos.

Ou, se preferir, transformar o capital político nacional em projeto político estadual, pavimentando o caminho já proclamado abertamente por muitos dos seus adeptos na costura de uma candidatura ao governo ou ao Senado. Para esses adeptos, o cavalo está sendo selado, obrigando o pretendente a montá-lo, sob pena de jamais ver a reprise da mesma oportunidade.

Muita água ainda vai ser despejada nos bastidores da queda de braço pela poderosa presidência da Câmara, mas, depois do presente que recebeu de Artur Lira e líderes em pleno aniversário, os ventos do Paranoá conspiram a favor do disciplinado herdeiro de Edvaldo Motta. Que desde já tem diante dos olhos o futuro oscilando entre o Planalto Central e a planície paraibana. O que deixa muito habitué do pôker da política tabajara na dúvida se torce contra ou a favor.

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