A jornalista Izabella Camargo sofreu um “apagão” no ar quando apresentava a previsão do tempo em telejornal da Rede Globo. Diagnosticada com Síndrome de Bournot, precisou rever o ritmo intenso das atividades profissionais. Hoje faz palestras sobre a doença do esgotamento, cada vez mais comum nesta geração.
O quadro não é “privilégio” de uma ou outra profissão. O pastor americano Wayne Cordeiro, por exemplo, viveu isso, quando menos esperava. Durante um grande congresso de pastores, onde era conferencista, ele parou numa calçada, sentou e desabou a chorar sem parar. Sentia um inexplicável dor na alma. Aos poucos, foi se dando conta de que cuidava de todas as suas ovelhas, menos de si mesmo.
O resultado dessa experiência virou livro. O título é sugestivo e tem uma pergunta que vale para todos nós: “Andando com o tanque vazio”? Wayne conta como chegou ao estágio da depressão. O quadro o empurrou à radical decisão de, entre outras escolhas, passar um período recluso ao lado de monges católicos em ritual de total silenciamento. Depois, realinhou a rotina e redefiniu prioridades.
Li a história e os passos de Cordeiro para sair desse labirinto justamente nos últimos dias que decidi desacelerar de uma sequência de compromissos profissionais e demandas pessoais. A sensação de peso paralisante ao tentar produzir conteúdos simples do meu cotidiano, coisas que sempre me deram mais prazer do que dinheiro, ligou um sinal de alerta e me encorajou a colocar o motor da mente na oficina.
Fui acompanhado nessa pausa pela solidariedade de minha companheira Marly Lúcio, mãe, mulher e profissional muito mais necessitada de despressurização que o marido. Do jeito que pudemos e deu, estacionamos, mesmo na estrada de uma rotina de cuidados de dois filhos pequenos, um de oito anos, inserido no Espectro Autista, e um bebê de um ano e sete meses.
Com suporte de familiares, por duas semanas reduzimos a velocidade habitual e pisamos na embreagem. Aqui e acolá, o roteiro foi interrompido por alguma demanda. Mesmo assim, a paradinha nos deixou aprendizados e reflexões sobre o tempo, as prioridades, o uso do celular e a necessidade de sempre reabastecer o tanque, antes que o painel acenda a luz vermelha.
E você, já se perguntou em qual nível está o seu tanque? Se sentir que está andando com reservatório vazio e sacrificando o seu bem estar e equilíbrio, busque onde e como encontrar um novo combustível. Se até os carros, que são máquinas, precisam de revisão para não colapsar, imagine nós, gente de carne, osso e emoções?