Política é como nuvem, dizia Magalhães Pinto como parábola sobre o dinamismo da atividade. No caso de João Pessoa, um ano foi suficiente para mudar completamente os céus da sucessão eleitoral na capital paraibana.
O primeiro bimestre de 2024 é diametralmente oposto ao que se via no mesmo período de 2023. De candidato com sérios riscos à reeleição, o prefeito Cícero Lucena (PP) passou a franco favorito.
Em dois meses, viu seus principais adversários neutralizados. Nilvan Ferreira, com quem concorreu em 2020, foi hostilizado pelo PL e precisou migrar para a eleição de Santa Rita, na região Metropolitana.
Agora, o deputado estadual Luciano Cartaxo (PT), recorrente segundo colocado nas pesquisas, é barrado pela ‘burrocracia’ interna do seu partido. Ao desistir das prévias, Cartaxo jogou para a direção nacional a reflexão sobre viabilidade.
Se o PT persistir e a deputada Cida Ramos sair referendada pelas prévias, Cícero estará se livrando do adversário mais perigoso, aquele com quem teria que debater sobre comparativo de gestão.
Ruy Carneiro, deputado federal do Podemos, enfrenta avaria na sua plataforma de candidato de oposição. Condenado num caso que remonta à época de quando era secretário de Esportes do Governo Cássio, Carneiro tem que administrar abalo na imagem.
Em um curto espaço temporal, os três principais concorrentes de Cícero ou caíram ou enfraqueceram. O que facilita, sensivelmente, a vida do candidato à reeleição.
Como se vê, é no território da política onde Lucena mexe, com desenvoltura, as peças. Seja atuando fulminante nos bastidores, seja jogando parado, o prefeito vai se livrando dos obstáculos no caminho.
O que alguns desavisados chamam de sorte, Maquiavel veria estratégia. Já Magalhães Pinto diria que as nuvens da política estão chovendo na roça de Cícero.