Ao atravessar o Rubicão, rio que delimitava o território da Itália, Júlio César desafiou a autoridade do Senado e precipitou a guerra civil no império romano. Segundo consta nos registros dos historiadores, ao tomar o caminho sem volta, César pronunciou a emblemática frase: “A sorte está lançada”.
O deputado Tovar Correia Lima (PSDB) catapultou essa semana críticas contra o governo do prefeito Bruno Cunha Lima (União) e riscou no chão uma linha de comparação. Para Tovar, a atual gestão é “lenta e demorada” no comparativo com o estilo “enérgico e competente” do ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos). Para não deixar dúvidas, se lançou, ele próprio, na pista de candidato de oposição.
Qualquer um pode facilmente presumir, com toda a razão do mundo, que o pensamento de Tovar representa uma avaliação coletiva e emerge o latente e íntimo sentimento do grupo mais próximo ao deputado Romero Rodrigues, que há meses se afasta gradativamente do sucessor e cumpre – com precisão – as etapas do roteiro do rompimento.
As falas de Tovar sequenciam declarações do próprio Romero, quando este esta semana voltou a manter o enigma no ar, avisando, a quem interessar possa, a disposição de ouvir a população, antes de qualquer decisão. O típico ensaio de quem já admite – ao seu modo e estilo – a intenção de promover a ruptura final de uma relação deteriorada e glacial.
Antes mesmo das cinzas de carnaval, as tropas romeristas já montaram na cavalaria e começam a se perfilar para uma marcha que parece sem retorno. Não será surpresa se o seu general se postar às margens do Açude Velho, o Rubicão campinense, e proclamar: “A sorte está lançada”! Torcida não falta.
