Responda rápido. Os prefeitos governistas que, em 2022, não largaram por nada o então candidato a senador Efraim Filho (União), mesmo este disputando pela oposição, deixarão de seguir o já lançado pré-candidato a governador tendo na chapa o senador Veneziano Vital (MDB)?
Essa é uma pergunta que merece rondar as mentes das cabeças pensantes do PSB e do governo. Se não, deveria pautar as reflexões estratégicas do grupo que trabalha pela longevidade do projeto político liderado pelo governador João Azevêdo (PSB).
Cada eleição é uma eleição, mas todas deixam suas lições. Por previdência, o governo tem de considerar, desde já, a possibilidade de reprise do que se submeteu em 2022, sendo obrigado a engolir sapos de todos os tamanhos pela preservação de apoios de partidos e prefeitos que tinham tudo do Palácio, mas se forçados a escolher entre João e o candidato a senador da oposição teriam feito a segunda opção.
Essa exótica conjuntura condenou o governador ao constrangimento de nem sempre poder subir no palanque ao lado da sua candidata a senadora, Pollyanna Dutra (PSB), hostilizada em muitas cidades cujas lideranças locais inovaram num voto camaleônico em João governador e Efraim, Bruno Roberto (PL) e até Ricardo Coutinho (PT) para senador. Quem lembra?
Diferente do delicado 2022, quando precisou fazer todas as concessões possíveis, Azevêdo agora está reeleito, tem um governo com maior volume de entregas, uma gigante estrutura política e três anos pela frente para criar as condições objetivas suficientes para ele próprio liderar e pautar o caminho de 2026. Não o contrário.
Uma saída é começar gradativa depuração e investir 2024 em quadros identificados com o governo e com o governador, produzindo aliados incondicionais e saindo das cordas da dependência de parceiros circunstanciais – aqueles que costumam pintar as próprias chapas pelas cores do pragmatismo e os que no segundo turno zeram o jogo para consultar o VAR.
O governo convive- passiva e displicentemente – com o paradoxo de ter aliados, principalmente prefeitos, que se alimentam da estrutura palaciana e ao mesmo tempo comem no mesmo banquete de lideranças que trabalham por candidaturas a governador e senador contra este mesmo governo, em 2026. Pode, Arnaldo?
O histórico deixa um alerta para quem tem olhos, ouvidos e memória. Especialmente, se o governador decidir mesmo antecipar sua mudança da Granja Santana em abril do ano da sucessão. Virtual candidato ao Senado, depois de dois mandatos de concretos resultados, João não precisa correr o risco de viver, em 2026, o que viu Pollyanna passar – bem ao seu lado – em 2022.