Na cota de Lula no STF, mulheres e negros ficam para depois... – Heron Cid
Opinião

Na cota de Lula no STF, mulheres e negros ficam para depois…

28 de novembro de 2023 às 15h02 Por Heron Cid
Lula já havia dito que gênero e raça não seriam critério para escolhas no STF; está cumprindo à risca

Para a surpresa geral de ninguém, o presidente Lula da Silva (PT) confirmou para o STF o nome que até a grama do Palácio do Alvorada já sabia: Flávio Dino, ministro da Justiça.

Lula seguiu a regra de ouro da sua própria cartilha. Nessa sua nova fase, para o Supremo só indica quem inspire confiança e relacionamento pessoal que lhe dê o direito de passar a mão ao telefone e ligar quando preciso for.

Um critério solenemente divorciado do republicanismo e da impessoalidade rezada pela Constituição, essa entidade  invocada quando a conveniência pede e ignorada quando os interesses falam mais alto.

O presidente usou mesma régua com Cristiano Zanin, seu advogado pessoal na Lava Jato e a quem chama de amigo. Repete a fórmula com o seu ministro e histórico aliado político.

Não há que se questionar a competência de Flávio Dino. É um dos raros quadros que frequentou, com destaque e notória desenvoltura, os três poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo). É um homem preparado.

Difícil, porém, é explicar aos movimentos sociais a opção repetida por perfis que não produzem à tão reivindicada diversidade na maior corte de justiça do país. Aliás, bandeira de campanha e contraponto ao bolsonarismo.

Na eleição de 2014, o ex-governador do Maranhão se declarou branco. Posteriormente, se definiu como pardo. Ainda assim, a escolha passa longe – muito longe – da expectativa ativista.

Como reclamou a Ong Transparência Internacional, “a diversidade subiu à rampa, mas deu de cara com a porta”. Na cota do Lula III, mulheres e negros ficam para depois. Ou para os próximos governos…

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