O grupo do prefeito Zé Aldemir (PP) é favorito a fazer a sucessão em Cajazeiras, no sertão paraibano. Tanto que os seus principais adversários – cada um ao seu modo – chegaram a dialogar com o experiente político sobre alianças.
O deputado Júnior Araújo (PSB) se antecipou e foi na frente. Pra lá de pragmático, Araújo fez os cálculos e preferiu o caminho de um acordo a um confronto com consideráveis chances de insucesso.
Ao tempo que conquistou singela vaga de vice e promessa de reciprocidade em 2026, Júnior se mexeu para isolar o deputado Chico Mendes (PSB), líder do governo, com quem disputa poder e prestígio no governo e votos na região.
Em verdade, a inusitada aliança de Júnior, Carlos Antônio e Cia com Aldemir se deve em parte à guerra fria entre os deputados socialistas. Eles ensaiaram um acordo, mas cada um com pé atrás. Agiam mais para ganhar tempo do que por vontade sincera de estabelecer um pacto consequente.
Pesou – diz Júnior – os ressentimentos da eleição passada. Em 2020, candidatura de Marquinhos Campos, irmão do ex-deputado Jeová Campos (PT) e primo de Chico, consolidou a reeleição de Zé e a derrota da ex-prefeita Denise Oliveira. Mendes contesta e classifica essa tese como álibi.
A litigância de bastidores deles atingiu tal nível, que, sem dizer expressamente, começaram a reciprocamente pensar: melhor ver Zé Aldemir ganhar do que colaborar para o outro vencer. O sentimento íntimo foi materializado.
Somente essa lógica explica o movimento de Júnior, que deixou de lado o histórico dos ataques abaixo da linha de cintura dos últimos anos de entreveros entre seu grupo e o de Zé Aldemir. E vice-versa.
A rigor, nessa batalha, cada qual na sua proporção, Júnior e Chico saíram perdendo. Zé Aldemir, o beneficiário direto, agradece. É quem realmente tem o que comemorar.