O PSDB da Paraíba mudou de cara. Sai o ex-deputado Pedro Cunha Lima e chega o novato deputado Fábio Ramalho. São duas gerações distintas. E perfis, também.
O ninho tucano se permitiu passar por oxigenação. Muito mais por iniciativa pessoal do próprio Pedro, parlamentar de bom nível e que deu seu melhor em 2022, do que por resultado de vontade colegiada.
Independente do mérito e das razões, a movimentação, a priori, é um acerto. Toda renovação contribui para mexer a estruturas. No caso do PSDB atual, ainda mais.
A sigla, que já governou a Paraíba duas vezes, vem de três derrotas majoritárias consecutivas (2014, 2018 e 2022). Alguma reflexão interna se faz recomendada para apontar nova estratégia de diálogo com a população e as bases.
O PSDB, que ficou sem representação federal e viu sua bancada estadual reduzida para três parlamentares na Assembleia, não precisa só se reoxigenar, mas se reposicionar. Sob o risco de na próxima eleição estadual perder espaço para outras forças ascendentes. Portanto, não é só mudar de cara. É mudar mais. Pra dentro e pra fora.
A escolha de um parlamentar ainda desconhecido do cenário estadual foi – pensado ou não – um passo nessa nova direção e uma surpresa. Boa e ousada, por sinal.
Não só pela novidade em si, mas pelo perfil do escolhido. Fábio Ramalho tem notória capacidade de diálogo, vocação nata para aglutinar e paciência para articular. Atividades complexas e próprias de dirigentes políticos. Um tipo de ação que para executá-la precisa ter genuíno apetite.
Pela biografia, também. Ex-presidente de associação comunitária, vereador, presidente de Câmara, prefeito duas vezes de Lagoa Seca, Fábio alça o comando de um dos mais importantes partidos da Paraíba por um caminho pouco usual para nossos padrões.
Ele ascende por escolha dos seus pares e depois de crescer na política, degrau a degrau, sem sobrenome importante e sem herdar espólios eleitorais. Como dizem os norte-americanos, é um”self-made man”, alguém cujo sucesso é fruto de sua própria criação. Foge da linha da curva política paraibana. Inclusive, do próprio PSDB.
Na sempre árida tarefa de se embrenhar Paraíba adentro para fortalecer uma sigla de oposição nos municípios, Ramalho acumula credenciais para preparar o PDSB para 2024 e 2026. Sobretudo, porque – dotado de humildade – é desprovido de ranços e retrovisores. O que facilita o serviço.