A eleição do diretório do PT de João Pessoa não foi um passeio, como alguns poderiam classificar. Nem muito menos uma vitória elástica. Qualquer tentativa normal de dimensionamento soaria a eufemismo diante do placar de 1.323 (Marcos Túlio) contra 77 (Antônio Barbosa). A diferença é inominável. Constrangedora até.
Somente um fato extraordinário tem poder de explicar outro. E ao que parece a motivação sobrenatural – acima de qualquer proporção – tem mais gosto de rejeição do que cheiro de aprovação.
Sem tirar o mérito do advogado Marcos Túlio, destinatário de consagradora e até excêntrica adesão, o PT pessoense fechou uma explícita questão; expurgar qualquer poder de mando da dupla Luiz Couto e Ricardo Coutinho.
As tendências majoritárias da legenda expuseram esse sentimento da forma mais contundente e eloquente possível, e pra não deixar dúvidas. Um recado para dentro, mas com endereço inequívoco e mensagem vertical para a direção nacional.
Escalado como interventor do PT, após penoso processo e até expulsão contra fundadores do partido pelo “crime” de candidatura própria em 2020, Antônio Barbosa pagou alto preço e foi o desaguadouro do revide aos traumas provocados pela intromissão autoritária.
Seria, entretanto, insuficiente creditar a espantosa derrota somente na conta do repúdio a Barbosa e seus patronos. O saldo também é fruto do novo realinhamento político da legenda, mais próxima do Governo João Azevêdo (PSB), dos sinais da fumaça de renovação e da reconfiguração da divisão de poder e influência com a afirmação de novas forças internas, como o deputado Luciano Cartaxo, por exemplo.
A militância juntou o apetite de eleger Marcos Túlio com a avassaladora vontade de derrotar Antônio Barbosa e Cia.