Dois dos três partidos que integraram oficialmente a coligação pela reeleição de Bolsonaro, PP e Republicanos já estão na base do Governo Lula. Mas não somente esses…
Sim, no estatuto político-partidário vigente no Planalto, representado maximamente pelo sindicato comandado por Arthur Lira (PP-AL), isso é possível.
Partidos vão de um extremo a outro para não sair do governo. Nessa lógica pragmática dá para conviver bem com o modelo de Bolsonaro e o de Lula, e se metamorfosear num intervalo menor que uma gestação.
Em entrevista à Folha, Lira, solenemente, sacramentou: as bancadas desses partidos na Casa agora fazem parte da base de apoio ao governo. E admitiu; as indicações políticas para as 12 vice-presidências da Caixa passarão por ele.
Assim mesmo, sem menor pudor. A expressão escancarada de acordos negociados na praça com muito fisiologismo e nenhuma identidade. A conversão da água para o vinagre. Nada sacra.
Na democracia ideal, as coalizões parlamentares deveriam ser em torno de projetos ou programas de governo. Com o mínimo, algum grama, por mais miserável que seja, de coerência.
Mas no mundo real de Brasília, se dão na barganha desprovida de quaisquer verniz republicano. Na base da moeda de troca por pedaços de orçamentos e de cargos estratégicos.
Promiscuidade política à luz do dia. Numa alcova sem paredes e às vistas da Nação, um grupo de parlamentares oferta votos no placar do plenário e o governo da vez arremata. O brasileiro paga.
Os anarquistas diziam: “Hay Gobierno? Soy contra!”. O centrão – anarquicamente às avessas – reformulou: “Há governo? Somos a favor”! Não importam que esses sejam antagônicos. Besteira! Basta ter ministérios e cargos.