A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) não é mais a mesma. Concebida em 1959 pelo economista Celso Furtado, paraibano de Pombal, o órgão já teve grande desempenho e papel na indução econômica e socorro da região. Há tempos foi esvaziada por sucessivos governos.
O Nordeste, região que décadas atrás reivindicava carros pipas e tinha como imagem a lata d’água na cabeça do sertanejo, também não é mais o mesmo. Por aqui, municípios do semiárido, antes ‘castigados’ pelo sol, hoje fazem do astro rei sua redenção na produção de energia solar.
Estamos, portanto, noutro patamar, o que prescinde uma nova Sudene para um novo Nordeste.
Na Paraíba, o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, tratou com o governador João Azevêdo (PSB). Nas palavras do pernambuco em entrevista ao autor do Blog, no programa Hora H, da Rede Mais Rádio, o encontro com o presidente do Consórcio Nordeste foi um gesto simbólico de reconciliação do governo federal com os estados nordestinos.
Na teoria, gestos importam muito. Para o Nordeste, entretanto, ações práticas importam mais. Uma Sudene que não seja decorativa, nem mero almoxarifado de indicações políticas. Uma Sudene ativa e proativa, interlocutora e fomentadora de projetos desenvolvimentistas. Que integre e estimule potenciais e arranjos produtivos. Grandes e pequenos.
Quando voltar à Paraíba, da próxima vez, Danilo e sua equipe precisam colocar na mesa uma pauta concreta e apresentar, por exemplo, o caminho – definido com os estados – para uso e exploração econômica da Transposição do Rio São Francisco. Qual destino das águas além da desembocadura no Atlântico.
O cariri e o sertão, já banhados pelas correntezas do Velho Chico, ainda desconhecem e tateiam no escuro quando essa pergunta é feita, ainda sem resposta. Não é razoável levar mais quatro décadas para saber o que fazer e como fazer.
O mais difícil já está aqui; a água que sertanejos e caririzeiros contemplam com os olhos, mas gostariam de senti-la também no bolso. Irrigando dignidade, produzindo emancipação. Fazendo a maior de todas as transposições – da pobreza para os rios das oportunidades.