Detesto generalizações. Classificar indivíduos pelo comportamento de agrupamentos é sempre um equívoco. Pensar em manada, também. Tabata Amaral, jovem deputada federal do PSB-SP, foge à curva. É um alento no pensamento crítico da política nacional, notadamente no campo da esquerda.
Filiada ao partido do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, notória crítica do governo Bolsonaro, a parlamentar mantém a coerência com o que defende. E não ata a própria mão para vestir camisa de força ideológica, em nome de conveniências.
O que serve para criticar Bolsonaro, por exemplo, serve para repelir no atual governo, de quem foi eleitora e é aliada. E ela o faz agora ao comentar o espúrio encontro entre o presidente Lula e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
Diante do silêncio complacente e omissão covarde de setores da esquerda, Tabata disse o óbvio: uma coisa é buscar relações diplomáticas e econômicas, outra é passar a mão na cabeça de criminoso. E ainda tratá-lo como ‘vítima’.
“Maduro usa as forças de segurança do governo para tacar e calar opositores. Priorizou seus apoiadores na vacinação contra a covid. Restringe liberdade de imprensa e comete violações graves aos direitos humanos, como execuções e torturas encomendadas. Precisamos ser firmes na defesa da democracia: não importa se é de direita ou de esquerda, não pode existir exaltação a ditadores”, postou.
Pela régua da esquerda, Maduro – ultranacionalista, ditatorial e repressor – deveria ser chamado de ‘fascista’. Aqui, ao lado de Lula, é tratado como “companheiro”.
Tabata Amaral é o pulso ainda pulsando. Sua posição é contundente e lúcida. Deveria ser constrangedora para quem cultiva ditaduras de estimação em plena era da “defesa da democracia”.