Quem é brasileiro aí levante a mão! Pois sinta-se, igualmente, agredido pelas ofensas criminosas de torcedores do Valência ao jogador Vinícius Júnior, do Real Madrid.
Quando uma torcida faz coro, diante das câmeras, ridicularizando e menosprezando um atleta, fora do seu país de origem, a nação do agredido também está sendo vítima.
E a reação precisa ser, solidariamente, enquanto povo.
Imagine o contrário. Um francês, por exemplo, sendo alvo de crime de racismo ou preconceito em pleno Maracanã lotado. Dá pra supor qual seria a reação da Europa inteira?
Ali, naquela cena deprimente, não estava apenas o jovem e talentoso craque brasileiro. No centro do campo, nossa sagrada mistura interracial, nossa história, perversa e traumática colonização, as feridas nos lombos pretos ao longo de séculos, as favelas, nossa cultura, música, arte, nosso futebol, nosso som, nossa comida.
Aos trancos e barrancos, nossa superação, lenta, mas progressiva, contra preconceitos, e nossos esforços por inclusão e respeito à diversidade racial num território povoado por todas as cores, a começar dos nativos indígenas.
Vinícius Júnior não pode gemer sozinho. Nosso grito de protesto precisa ser uníssono. Onde não cabe um brasileiro, não cabe nenhum de nós. E o que dói e em um também fere a todos.
É esse ‘patriotismo’, genuíno e profundo, não o de bafo de boca e de duvidosa retórica política, que deveríamos exercer e mostrar ao mundo inteiro.