Cassação de Deltan divide até editoriais dos grandes jornais – Heron Cid
Bastidores

Cassação de Deltan divide até editoriais dos grandes jornais

19 de maio de 2023 às 12h27 Por Heron Cid

A cassação do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) não só divide opiniões de juristas. A inovação no Direito Eleitoral, consolidada pela ginástica da sentença, também coloca em campos opostos até os principais jornais do Brasil, divergentes em seus editoriais.

O Estadão classificou como o “decisão esquisita” o acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, mas assinalou que Deltan prova do veneno espalhado pela Lava Jato:

“Decisão esquisita em tempos estranhos. Deltan usou a interpretação extensiva das leis para perseguir políticos, a pretexto de regenerar o País, segundo suas convicções delirantes. Sua derrocada é um emblema dessa desvirtuação. A cassação de Dallagnol numa sentença juridicamente duvidosa é coerente com o espírito da era lavajatista, em que leis e direitos foram atropelados por imperativos messiânicos”.

O Globo critica o TSE:

“A Corte precisa esclarecer se a cassação de Dallagnol partiu de uma leitura equivocada da lei. Em jogo não está apenas o mandato do deputado federal mais votado no Paraná em outubro. O pior para o Brasil é esse tipo de decisão variar de acordo com a circunstância política e o governo de turno”.

A Folha é taxativa e trata a sentença como autoritária e inclinada à jurisprudência política:

“Não cabe ao Judiciário criar tantos pretextos para, sob a dupla pena do paternalismo e do arbítrio, cassar direitos políticos dos cidadãos —no caso, de um eleito com a maior votação de seu estado para a Câmara dos Deputados. As regras, para terem o respeito de todos, não podem se dobrar ao sabor das circunstâncias. Os que hoje aplaudem a aplicação voluntariosa da lei não estão livres de, amanhã, serem alvo dessa mesma sanha punitivista. Deltan que o diga”.

Como se vê, a tal ‘decisão técnica’ só ganha essa forçosa classificação para as conveniências dos advogados da vindita.

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