Na primeira visita oficial à Paraíba, o presidente Lula da Silva (PT) fez do que seria um dia festivo para o estado uma solenidade apática.
Ele saiu de Santa Luzia, no sertão paraibano, como chegou. Calado. Nenhuma palavra de agradecimento pela votação, nenhum tostão de sua carismática fala de alento aos paraibanos e paraibanas. Nenhum anúncio de obra, convênio ou coisa parecida.
Depois da ausência de meses, incluindo a campanha, o presidente chegou sem trazer nada na bagagem. E a falta de um pronunciamento terminou sendo eloqüente. Um escudo para se defender do vazio.
Felizmente, os investimentos privados do grupo espanhol Neoenergia e a articulação do Governo do Estado salvaram o dia. São R$ 3,5 bilhões em parques de geração de energia eólica e solar. A relevância da boa notícia empresarial disputou com tamanho da anemia presidencial. A última ofuscou a primeira.
Circulado por aliados, Lula deixou o estado sem nada dizer e nem deixar. Já em Pernambuco, horas depois, o contraste. No vizinho estado, o petista participou de uma tarde-noite de festa, com direito a apresentações culturais. Um comício num ginásio com anúncios de programas e muitos ministros no palco.
Por ora, de Lula só temos o silêncio. O presidente ainda tem quatro anos para regressar por aqui. Generosa, a Paraíba o receberá de portas abertas. Mas, se não tiver o que dizer, de novo, que volte pelo menos com o que entregar. Porque, como mostra a história, a Paraíba pode até ser pequena, mas não é estado que se cala.
