Advertência aos leitores: pode parecer arquivo antigo ou montagem, mas não é. A foto é novíssima. É daqueles quadros comuns na política em que circunstâncias determinam os acordos e reunificam adversários históricos, e suas contradições, no mesmo retrato.
Em cores novas a fotografia junta velhos oponentes, Márcio Roberto, ex-deputado, Galego Souza, deputado estadual. A conjuntura local empurrou a dupla para a reedição de surpreendente aliança.
Para enfrentar o prefeito Jarques Lúcio, Márcio e Galego reataram um casamento que havia terminado em divórcio, litigioso por sinal e debaixo de longos anos de ataques mútuos.
Os consortes de São Bento não serão os primeiros e com certeza não serão os últimos nesse vai e vem característico de uma prática política que naturalizou o famoso lema; feio é perder.
Nesse aspecto, eles estão exercendo legítimo pragmatismo de quem deseja recuperar o poder perdido e para isso têm disposição de passar por cima de feridas abertas e do constrangimentos das intrigas pretéritas.
Tem sentido. Os seis anos de governo renderam a Jarques, fruto do novo ciclo político local, alta popularidade. O saldo administrativo conferiu aprovação acima dos 70%. Para Márcio e Galego vale, portanto, o custo do desgaste em troca de uma coalização com chances de deter o adversário.
Mesmo sob o risco do preço de deixar no ar a implícita mensagem de que o alvo em comum é um páreo difícil de ser vencido. E derrotá-lo vale o sacrifício da reconciliação dos dois antigos caciques.
Contradições à parte, o rebuliço na política da Terra das Redes oferece um lado muito positivo. A eleição de 2024 tem tudo para se converter num grande plebiscito para o eleitor decidir: São Bento prefere voltar ao sistema da política tradicional ou continuará apostando num novo modelo? A resposta determinará o futuro da cidade.