Na passagem pelos Estados Unidos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou categoricamente à TV CNN: “Bolsonaro não tem chances de voltar”.
A sentença pode ser vista de muitos ângulos. O primeiro deles é retórico. Hábil, Lula fala para sua própria militância e tenta enfraquecer a mobilização dos setores bolsonaristas.
Depois, calçado no desgaste de Bolsonaro pós-eleição, tenta desencorajar, por tabela, as lideranças de direita, eventuais substitutas do ex-presidente na próxima eleição.
O mais provável, porém, é que a fala do presidente revele com nitidez o esforço concentrado e a estratégia adotada pelo seu governo: matar a cobra e esmagar a cabeça.
Desde quando assumiram o governo, Lula e ministros batem pesado em Bolsonaro, expõem ao máximo crises e deslizes da gestão anterior e trabalham para criminalizar o ex-presidente na Justiça. Contam com vasto arsenal fornecido pelo próprio Bolsonaro.
Verdade que o capitão perdeu peso político e botou os pés pelas mãos, mas também há uma outra verdade; serão os resultados e desempenho do governo Lula quem ditarão tamanho do ex-presidente. Quanto mais Lula crescer, menor Bolsonaro será. E vice e versa.
Sentenciar Bolsonaro à carta fora do baralho é precoce. O próprio Lula, quase enterrado pela Lava Jato, é a prova viva de que o Brasil é pródigo em matéria de surpresas e reviravoltas.
Em tempo: em dezembro de 2019, ano que assumiu o poder, derrotando o PT, Bolsonaro cravou: “Lula já é carta fora do baralho”. A história está aí…