Até que não nutria muita simpatia pelo homem, mas Xandão, cabeça de ovo, como o chamam os zumbis da direita brasileira, tem se revelado um patriota verdadeiro, ícone da defesa do estado de democrático de direito, juiz exemplar, mais rápido do que supersônico em cercar o pasto e por o gado no curral.
Xandão é desses homens com cara de mal, mas de um coração bom; com jeitão de valentão, mas com cara de pai bondoso: deu paz e tino a esses pobres de direita que engoliram o cocô de Bolsonaro sem fazer careta. O homem segue cada milímetro da Constituição, como se fosse um tecelão dos bons procedimentos. Dotado de uma sensibilidade incrível com as coisas da república, merece a honraria dos grandes heróis brasileiros.
Eu fico imaginando o que seria do país sem esse vaqueiro dos bons costumes democráticos. Estaria caído aos pés da parte talibã e hipócrita dos evangélicos; vilipendiado pelos desejos espúrios de alguns militares inescrupulosos; assediado por empresários gananciosos; sitiado pela milícia, robotizado pelo veneno de Bolsonaro, infantilizado, degradado, desinstitucionalizado, transformado em um chiqueiro, humilhado pelo escárnio internacional, sucumbido à destruição das políticas públicas, palco das mortes do yanomamis, um horror!
Mas a tarefa do homem é hercúlea. Ainda falta provar para os robôs da direita brasileira que Lula não morreu e que subiu a rampa do Planalto; que pneu não merece as honras do hino nacional; que vaca louca na linha o trem pega; Que velhote fascista é criminoso; que a comida da cadeia é caviar; que bandido bom é bandido preso; que não eram as escolas que tinham partido, que tolete de veia sebosa e terrorista dá cadeia, essas coisinhas pequenas da lógica e da democracia.
Eu digo isso, mas fico com um pé atrás, aliás, dois. Da última vez que endeusaram um juiz com cara de marreco, descobriu-se que o bicho era mais falso do que a pastora Flor de Lis. Vade retrum.
Xandão, segura a onda.
MaisPB