Vista pelo senso comum, e não pelo Manual de Economia Conservadora, a guerra dos juros não é menos absurda do que qualquer outra.
Está em passagens recônditas do noticiário: com os 13,75% mantidos pelo Banco Central e atacados pelo governo Lula, o Brasil tem a taxa oficial de juros mais alta do mundo. Não está, no entanto, com inflação agressiva (0,53% em janeiro, queda), conforme sugerem os juros.
Iniciada em fevereiro de 2021, a autonomia do Banco Central é um novo Poder constitucional, dominante sobre as questões da moeda e de valores equivalentes. Sendo o dinheiro, assim chamado pela população, ou como capital, no nome de salão, o eixo e mesmo a razão de ser do mundo capitalista, o Banco Central se torna um poder incontrastável.
A autonomia, portanto, inclui a possibilidade de dificultar, enfraquecer, impossibilitar ou invalidar políticas de governo e obrigações de Estado. Com o uso de juros e de outros poderes.
Quem manda, afinal?
O governo Lula pressente a dificuldade, isso no mínimo, que os juros em altitude a seu ver injustificáveis trarão a várias de suas políticas. Sobretudo, aos programas sociais que montam sua prioridade e, de fato, são de grande importância.
O Banco Central, por sua vez, está no exercício do poder que lhe foi dado em lei. Nem ao menos está em contradição ao que divergir do governo. Seu presidente foi escolhido pelo governo anterior (e aprovado pelo Senado), logo, o foi por se identificar com as ideias de política econômica e monetária dos derrotados nas urnas. E desfruta de um mandato que passa do meio de um período presidencial ao meio do seguinte. Tudo como o “mercado” queria.
Se a autonomia do Banco Central é para dar maior controle sobre a ordem econômica e financeira, o objetivo se nega na perturbação conflituosa que sua forma projeta. Como está, é uma usina potencial de impasse, portanto, de mais atraso. É o que dizem os mais altos juros do mundo.
VARIAÇÕES
1) Por falar em juros, os do cartão de crédito rotativo aumentaram 62 pontos percentuais no último ano dos derrotados, instalando-se na casa dos 400%.
Esse crédito é tido como um socorro para os aflitos.
2) O ministro do Desenvolvimento Agrário, deputado petista Paulo Teixeira, revela sua ideia extraordinária: usar as áreas desmatadas da Amazônia para assentamentos. Pelo visto, supõe que as cidades se fazem de projetos, como Brasília, não a partir de pequenos aglomerados de moradias que crescem, às vezes, por alucinação coletiva.
Com seu plano, Paulo Teixeira adere o governo ao sonho militar de povoamento da Amazônia para evitar a imaginada ambição de americanos e europeus de ocupá-la.
Se essa ideia é de desenvolvimento, o PT deveria ser crítico a Bolsonaro no tema amazônico.
Poder360