Bastou a primeira faísca e a entrevista do prefeito Cícero Lucena à TV Cabo Branco sobre o aterro de praias de João Pessoa. As reações ao que parece já ser uma decisão encaminhada da Prefeitura emergiram, enfim, para um debate que estava em oceânica solidão, restrito à burocracia interna da gestão municipal.
A Assembleia entrou na parada. Deputados pautaram o tema. O assunto mereceu suprapartidária atenção, preocupação e pedidos de maiores explicações. Foi de Wallber Virgolino (PL) a Chió (Rede).
O Ministério Público Federal anunciou que pedirá informações técnicas à Prefeitura. A Rede Sustentabilidade convocou reunião para a próxima semana para tirar posição sobre o tema.
Ambientalistas, geógrafos e e especialistas em oceonografia não conseguem enxergar justificativa suficiente para o tamanho da intervenção, de forte impacto ambiental e com potencial de alterar a fisionomia diferenciada da orla marítima da capital paraibana.
A ONG Guajirú demonstrou preocupação com possíveis danos ao ecossistema e aos ninhos de tartarugas, protegidos pela organização na extensão das areias da praia do Bessa.
O debate está posto e é natural e necessário. Até para que, se comprovada real necessidade ou prioridade, o projeto seja abraçado pela cidade.
Um gestor experimentado e com o currículo de Cícero, prefeito pela terceira vez, não pode e nem deve estranhar ou se ressentir dos questionamentos e preocupações públicas a respeito de tema tão complexo.
Tudo que é público demanda diálogo exaustivo e suficiente convencimento, sobretudo de quem paga a conta de projetos e obras, acertados ou errados; o cidadão. Somente as coisas privadas são decididas entre poucos.