Análise: com Lira e Pacheco, Lula adaptou discurso e terceirizou Congresso – Heron Cid
Opinião

Análise: com Lira e Pacheco, Lula adaptou discurso e terceirizou Congresso

3 de fevereiro de 2023 às 13h16 Por Heron Cid

Até aqui, não há nada de novo debaixo do sol nas relações de poder em Brasília. A renovação das presidências de Rodrigo Pacheco (União), no Senado, e Artur Lira (PP), na Câmara fala por si só. Os dois são remanescentes da conformação de forças políticas estabelecida na Era Bolsonaro.

Sem votos suficientes, e com base governista em formação, Lula precisou ceder e não entrar na briga pelo comando da Casa. Para não amargar derrota, preferiu comemorar meia vitória. E acertou.

O PT pelo menos não cometeu o erro de tentar emplacar uma candidatura com seu legítimo DNA e evitou alimentar seu histórico apetite por hegemonia e correr o risco de reviver os traumas do passado, quando peitou e perdeu para Eduardo Cunha e pagou alto preço.

O resultado foi o possível para um presidente eleito em resultado apertado e obrigado a conviver com um Congresso adverso. Lula se acertou com Pacheco e Lira, os protagonistas e fiadores do ‘orçamento secreto’, para garantir a tal governabilidade e reeditar aquilo que ficou batizada como coalizão. Que, na prática da política brasileira, tem outra tradução.

Para Lula, um pragmático na essência, nenhum problema. Desconforto apenas para a militância e para a promessa de ruptura com aquilo que o então candidato petista chamava de “podridão” e de “a maior bandidagem já feita em 200 anos de República”. Era discurso de campanha. Se o discurso já foi adaptado, resta o mesmo à militância.

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